Milhares de mulheres se reuniram na Avenida Paulista por mais direitos e contra o governo Bolsonaro
Por Guilherme Weimann e Mari Miloch | Fotos: Fábio Medina
“A chuva vem pra lavar nossa alma”, define Lucineide Varjão, presidenta da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) e co-presidenta da IndustriALL na América Latina e Caribe. Apesar da forte chuva que caiu em São Paulo (SP), milhares de mulheres se reuniram na Avenida Paulista, neste domingo (8), para reivindicar igualdade de direitos, denunciar a violência de gênero e repudiar as políticas do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo Lucineide, a pauta trabalhista sofreu perdas significativas no atual governo. “Nos últimos anos houve reforma trabalhista e reforma da previdência, o que mudou significativamente a vida dos trabalhadores e, especialmente, das trabalhadoras. As estatísticas mostram que as mulheres lideram o desemprego”, afirma a sindicalista.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em análises da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, enquanto a taxa de desocupação entre homens é de 9,2%, entre as mulheres a porcentagem chega a 13,1%.
Essa desigualdade no mundo do trabalho também foi ressaltada por Célia Assis, da Secretaria da Mulher Trabalhadora do Sindicato dos Químicos de São Paulo. “Eu acho que ainda a pauta principal das mulheres é contra a violência, mas a busca por salários iguais também é muito importante. Nós fazemos muito mais pra ganhar muito menos”, denuncia Célia.
Ainda segundo o Dieese, mulheres ganharam 22% a menos que os homens em 2019. Entre trabalhadores com nível superior, a diferença salarial entre homens e mulheres foi de 38% – R$ 6.292 contra R$ 3.876 mensais, respectivamente.
Além disso, a desigualdade de gênero também afeta o mundo sindical. “Precisamos lutar por mais participação das mulheres na política em todos os segmentos, inclusive no mundo sindical. O movimento sindical é extremamente machista, é um espaço no qual as mulheres brigam e lutam cotidianamente para estarem ali. Uma das principais pautas é esse pleno exercício da democracia nos espaços políticos para as mulheres”, explica Lucineide.
Além de São Paulo, o 8M, como foi chamado o Dia Internacional de Luta das Mulheres, aconteceu em todas as capitais do país. Em praticamente todas as ações, a vereadora Marielle Franco foi lembrada. Neste dia 14 de março, seu assassinato, ainda sem um desfecho policial, completa dois anos.