Coletivo participou de ato em solidariedade aos aposentados na Replan: ‘Nossas lutas estão unidas por um projeto político que busca a defesa do desenvolvimentos brasileiro e da soberania nacional’
Por Vítor Peruch
No último dia 20 de junho, a Refinaria de Paulínia foi o cenário de um ato em defesa dos aposentados da Petrobrás, que demonstrou uma união notável entre jovens estudantes e petroleiros aposentados. O evento contou com a presença significativa do Coletivo Carlos Marighella, um grupo marxista-leninista da Juventude do Projeto Popular, impulsionado pela Consulta Popular.
O Coletivo Carlos Marighella, que completou um ano uma semana após o ato, atua nas lutas da Unicamp e do município, com o objetivo de construir uma universidade popular e promover a Revolução Democrático-Popular Brasileira rumo ao socialismo. Este coletivo é impulsionado pela Consulta Popular, um movimento que visa a reorganização da esquerda brasileira, propondo um Projeto Popular para o Brasil. Nascido em um período de refluxo das lutas de massa, o movimento encontrou na Marcha Nacional do MST, em 1997, uma faísca para revitalizar a militância.
Guilherme Yoshioka, estudante de História e integrante tanto do Coletivo Carlos Marighella como da Consulta Popular, afirma que a fundação do coletivo, em junho de 2023, “surge na lógica de entender a juventude como um agente protagonista na luta revolucionária e de um entendimento de que através dos atos é possível ampliar nossa luta”. Maria Luiza do Nascimento, professora da rede municipal de Campinas e militante da Consulta Popular, complementa: “Construir esse diálogo, unir nossas lutas, fazer formação em conjunto, vem da perspectiva de que essas frentes de lutas não são dissociadas umas das outras. Na universidade, há uma disputa de mentes e força de trabalho dos estudantes por diversas ideologias. O movimento estudantil é uma ferramenta organizativa importante, pois, mesmo sem alcançar todos os estudantes como gostaríamos, politiza constantemente o debate na universidade pública, traz pautas externas e consegue formar trabalhadores com uma visão mais crítica da sociedade”.
Pedro Emmanuel, estudante de História da Unicamp e também militante de ambos grupos,destacou a importância do ato realizado na Refinaria de Paulínia. Filho de um fotógrafo que atuava na Petrobrás, na Refinaria Henrique Lage (Revap) em São José dos Campos, Pedro falou com os petroleiros presentes na Replan e enfatizou a relevância estratégica da luta dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás para a soberania nacional e para as lutas gerais do povo brasileiro.
“Estar presente neste ato da Replan é essencial, não apenas para demonstrar apoio aos aposentados, mas também para mostrar que o movimento estudantil pode e deve ultrapassar os muros da universidade”, afirma Pedro. “Essas lutas, embora pareçam específicas, estão profundamente ligadas a um projeto político mais amplo que busca a defesa do desenvolvimento brasileiro e da soberania nacional.”
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Pedro também ressaltou a necessidade de lutar pela reestatização das refinarias vendidas durante os governos Temer e Bolsonaro e pela reconstrução da cadeia de refino do petróleo, desmontada pelas políticas neoliberais: “É preciso que a gente lute pela reestatização das refinarias que foram vendidas durante os governos Temer e Bolsonaro, pela reconstrução do processo de produção, refino e distribuição do petróleo que foi desmontado pelas políticas neoliberais dos governos anteriores, lutar pela reconstrução da cadeia de refino, e lutar para que a Petrobrás se torne um centro impulsionador do desenvolvimento nacional”.
Guilherme Yoshioka reforça essa visão: “Construir esse diálogo, unir nossas lutas e promover a formação conjunta vêm da compreensão de que essas frentes de luta estão interligadas e são fundamentais para avançarmos na construção de um projeto popular para o Brasil”
Para o diretor do Sindipetro Unificado Carlos Reis, a integração entre diferentes classes de trabalhadores e estudante quebram muros e trazem benefícios para dentro e fora da categoria: “Essa aproximação rompe com a ‘Petrobolha’, que é o mundo entre os muros, e já começam a agir na ‘Petrosfera’, onde tem Petrobrás, fábrica de fertilizante, refinaria, qualquer coisa com petróleo, uma faixa de duto, influenciando a vida das pessoas,” afirma Reis.
Ele acrescenta: “O ato do dia 20 foi a tradução disso na prática. A fala que eles fizeram no nosso ato mostrou uma parceria de serviço entre os aposentados, por quem estávamos fazendo um ato de solidariedade, e a gente da ativa, mostrando que a chama da nossa luta está viva, com a juventude do movimento estudantil começando sua vida laboral e também a luta dos trabalhadores.”
Reis conclui destacando a importância dessas iniciativas para o futuro: “Eles trazem uma proposta de formação muito boa e uma disposição de criar outras alternativas de formação. Essa parceria fortalece uma luta dentro da Petrobrás, mas também nossa luta por um ensino público de qualidade, por saúde de qualidade, por transporte gratuito de qualidade, por mais direitos para estudantes e trabalhadores”.