Caravanas de todo Brasil chegam ao Rio de Janeiro para ato na sede da Petrobrás

No 18º dia de greve dos petroleiros, diversas categorias se somam à mobilização que ocorrerá no final da tarde desta terça-feira (18) na capital carioca

Movimentos populares e sindicais se juntam à mobilização dos petroleiros em ato nacional no Rio de Janeiro (Foto: Luiz Carvalho)

Por Guilherme Weimann e Luiz Carvalho

Nesta terça-feira (18), no 18º dia de greve nacional dos petroleiros, caravanas de diversas regiões do Brasil chegam ao Rio de Janeiro (RJ) para realizarem um ato unificado no Edifício Sede da Petrobrás (Edise). A mobilização contará com o apoio de outras categorias de trabalhadores, além de integrantes de movimentos populares.

A concentração para o ato está ocorrendo na Vigília dos Petroleiros, na passarela entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Edise. Desde o terceiro dia da greve dos petroleiros, que começou no dia 1º de fevereiro, militantes de diversos movimentos populares e sindicais mantém um acampamento de apoio à paralisação no local, com atividades 24 horas por dia.

Um dos participantes da Vigília é Paulo Antunes, petroleiro há 17 anos na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). Antunes é um dos mil trabalhadores que a direção da Petrobrás pretende demitir, sem levar em consideração o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que prevê consulta anterior ao sindicato no caso de demissões em massa.

“São 400 trabalhadores diretos e 600 terceirizados. É brutal essa demissão. Nossos familiares sofrem tanto quanto a gente, muitos trouxeram as famílias pra participar junto desse movimento. A gente acredita que a Fafen é o balão de ensaio da Petrobrás, caso as demissões sejam concretizadas. A gente sabe que se passar, essas demissões vão se estender pra todo o resto da Petrobrás”, afirma Antunes.

Cerca de 170 trabalhadores da Fafen-PR estão no Rio de Janeiro para lutarem pelos seus empregos (Foto: Luiz Carvalho)

O petroleiro está acompanhado com outros 170 companheiros de trabalho da Fafen à espera do ato desta tarde e dos desdobramentos da greve. Mas a solidariedade à greve, que já atinge 121 unidades da Petrobrás, estende-se a outras setores da sociedade, que entende a paralisação como uma tentativa de barrar a privatização da Petrobrás.

Este é o caso da militante da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), Silvânia dos Prazeres Gonçalves. “Não é uma luta apenas dos petroleiros, é uma luta do povo. Porque se a gente não unir forças o país vai continuar caminhando pra trás. A privatização tá atingindo todos os brasileiros, por isso precisamos defender a Petrobrás. Tem o caso da Cedae [Companhia Estadual de Águas e Esgotos] aqui do Rio de Janeiro, que também querem privatizar. Daqui a pouco nosso Brasil todo vai estar na mão dos Estados Unidos”, opina Gonçalves.

Silvânia é sem-teto e está mobilizada por acreditar que a luta contra a privatização da Petrobrás é de toda a sociedade brasileira (Foto: Luiz Carvalho)

O ato está marcado para as 16 horas, no Edise. Depois, também está prevista uma marcha pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro.

Decisões arbitrárias

Na noite de ontem (17), o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, decretou que a greve dos petroleiros é ilegal. Na decisão, o ministro afirma que a paralisação “tem motivação política e desrespeita as leis de greve”.

Em vídeo, o assessor jurídico da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Normando Rodrigues, repudia a decisão. “Os petroleiros que fazem greve obedecem à Constituição da República, estão rigorosamente dentro da Lei de Greve, têm o direito de permanecer em greve e a situação jurídica dos grevistas é rigorosamente a mesma para todos. Apesar da licença entre aspas, também outra decisão estapafúrdia, para que a Petrobrás puna grevistas, essa punição vai ter que ser feita por igual, para toda a força de trabalho em greve. E vamos discutir até às últimas consequências a judicialidade ou a arbitrariedade dessa eventual punição”, explica Rodrigues.

 

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