Bronca do Peão: Na Petros, só mudaram as estações, mas nada mudou

Mesmo após uma intensa luta e mudanças na gestão, aposentados continuam sofrendo com os impactos dos equacionamentos da Petros

Charge: Bira Dantas

 

Passei mais de três décadas dedicando minha vida à Petrobras. Enfrentei o calor e o ruído das refinarias, a exposição aos produtos químicos e os desafios de cada turno com a certeza de que, um dia, a aposentadoria traria a tranquilidade merecida. Mas, ao invés disso, vi meu benefício ser corroído ano após ano pelos Planos de Equacionamento da Petros (PEDs), como uma torneira que goteja até secar. Não aceitei ficar parado. Decidi lutar, porque acreditava que era possível reverter essa situação. Estive nas campanhas do conselho, nos debates, nos acampamentos, sempre com a esperança de que estávamos construindo uma mudança real.

Lutei. Lutei porque acreditei. Em cada debate, em cada acampamento na porta da sede da Petrobrás no Rio de Janeiro, em cada roda de conversa, vi nos olhos dos meus companheiros a esperança de que as coisas poderiam ser diferentes. Apoiei a campanha vitoriosa para o conselho da Petros, carreguei bandeira, ouvi Radiovaldo Costa e PC Martin falarem sobre possibilidades, caminhos, saídas dentro do sindicato. Fui para casa com a convicção de que estávamos pavimentando um futuro mais justo.

Quando a nomeação de Magda Chambriard chegou, confesso, senti um fio de esperança. “Agora vai”, pensei. Mudar a presidência, eleger nossos representantes, era tudo parte de uma estratégia que parecia fazer sentido. Mas, passado tanto tempo, preciso admitir: a verdade é amarga. Mudaram as estações, mas nada mudou.

Os planos de equacionamento continuam me sufocando. Não consigo respirar aliviado, e cada mês que passa é mais um nó apertado no cinto. A luta que era para trazer alívio trouxe mais cansaço. Tudo que me disseram, tudo que ouvi e quis acreditar… parece ter ficado preso no ar, palavras que ecoaram sem encontrar solo fértil.

E agora? Agora eu olho para trás, para todas as noites mal dormidas e os dias de suor, e me pergunto: valeu a pena? Será que a nossa luta, nossos sacrifícios, algum dia vão fazer sentido?

A Petrobrás, a Petros, a Magda… todos parecem distantes, como se o peso do nosso sofrimento não chegasse até eles. Continuo preso nos equacionamentos, sem perspectivas, sem alívio.

Cansado, exausto, mas ainda indignado. Porque mesmo quando tudo parece sem saída, é impossível aceitar que quem construiu tanto precise viver na humilhação.

Mudaram as estações, mas nada mudou. E não sei quanto tempo mais eu consigo seguir assim.

* O texto foi enviado por petroleiro aposentado que preferiu não se identificar.

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