Ato na Replan será a partir das 6h; Sindicatos irão realizar atrasos de duas horas para cobrar investigação dos acidentes, responsabilização das empresas envolvidas e medidas que garantam a vida e a saúde dos trabalhadores do setor
Da comunicação da FUP
A Diretoria Executiva da FUP, em reunião realizada terça-feira, 08, reafirmou a indignação diante dos diversos acidentes e incidentes que têm ocorrido nas unidades do Sistema Petrobrás e aprovou a realização de atos e atrasos nesta sexta (11), em todo o país. Apesar das sucessivas cobranças por condições efetivas de saúde e segurança feitas pelas direções sindicais na Comissão de SMS, a gestão da empresa pouco tem avançado nesse sentido.
Enquanto isso, a categoria petroleira continua exposta a ambientes de trabalho inseguros, com efetivos muito abaixo da necessidade, o que gera uma pressão cada vez maior sobre os trabalhadores, principalmente os contratados, que são os mais expostos a riscos e as principais vítimas de acidentes nas unidades da Petrobrás e subsidiárias.
Em um intervalo de 48 horas, dois trabalhadores morreram em consequência dessa tragédia anunciada: a engenheira Rafaela de Araújo, de 27 anos, da empresa MJ2 Construções, que foi atingida por um rolo compactador no Terminal de Cabiúnas, em Macaé, na segunda-feira (07); e o técnico Edson Almeida, que faleceu no sábado (5), a bordo do FPSO Cidade de Niterói, operado pela Modec.
“Diante da constância das inseguranças que os trabalhadores e trabalhadoras vêm sendo expostos, solicitamos aos sindicatos que realizem atos de atrasos de duas horas, na manhã da sexta-feira, 11/10, para pressionar as investigações, apurações e a responsabilização das empresas envolvidas, assim como medidas e condições de trabalho que garantam a vida e a saúde de todos/as os/as trabalhadores/as do setor”, reforça a FUP em documento enviado nesta quarta, 09, aos sindicatos.
Na reunião de ontem com a Petrobrás para tratar da PLR, a FUP enfatizou que é inadmissível uma pessoa não retornar viva para a sua família ao final do expediente, por não ter a devida segurança para realizar o seu trabalho. “É muito triste começar uma reunião para tratar de remuneração, em meio a fatalidades como estas. A empresa segue pagando dividendos altíssimos para os acionistas, enquanto os trabalhadores, que constroem essa riqueza, estão expostos a riscos e tendo vidas ceifadas. Isso não pode continuar assim”, afirmou a diretora da FUP Cibele Vieira.
“Estamos muito consternados pelo ocorrido e prestamos nosso apoio à família enlutada. Ninguém sai de casa para trabalhar contando que vai perder a vida. Dedico meus profundos sentimentos de pesar aos familiares e amigos”, afirmou Débora Simões, diretora do Sindipetro NF, base onde ocorreram os dois acidentes fatais.
Recentemente, também na Bacia de Campos, a plataforma P-19 adernou, causando pânico em dezenas de trabalhadores a bordo. O acidente, ocorrido no dia 21 de setembro, pode ter sido causado por uma falha no sistema de lastro, o fez com que a plataforma ficasse adernada por horas seguidas. Uma situação extremamente perigosa, que chegou a levar os trabalhadores a se prepararem para evacuar a unidade, que, inclusive, já havia passado antes por problemas de amarração. Graças à capacidade técnica das equipes da Petrobrás, a P-19 foi normalizada e a FUP e o Sindipetro NF solicitaram participação na comissão de apuração das causas desse grave incidente, que poderia ter se tornado mais uma tragédia anunciada.
Replan
Na Refinaria de Paulínia (Replan), também haverá um ato unificado em defesa da vida, com a participação de petroleiros e petroleiras, trabalhadores e trabalhadoras da construção civil e também contará com a participação de outras entidades sindicais e movimentos sociais da região de Campinas. O ato será realizado nesta sexta-feira (11/10), a partir das 6h, na Portaria Norte da Replan.
“A participação de toda categoria petroleira é fundamental para pressionarmos a Petrobrás e as empresas contratadas a garantirem condições de trabalho seguras para a categoria e respeito aos trabalhadores. Não podemos aceitar que vidas continuem sendo perdidas por falta de investimento em segurança. Este ato é uma resposta coletiva à negligência e à precarização que colocam em risco quem está na linha de frente todos os dias”, afirmou o diretor do Sindipetro Unificado, Steve Austin.