Além de acentuar as discriminações em relação à holding, subsidiárias aumentaram a discrepância entre as menores e as maiores remunerações pagas, na contramão das reivindicações da categoria
Da comunicação da FUP
Frustração e indignação. Foi com esse sentimento que os dirigentes da FUP e dos sindicatos terminaram a reunião desta terça (03), quando as gerências do Sistema Petrobrás apresentaram as propostas de remuneração variável das subsidiárias. Apenas a Termobahia seguiu os avanços apresentados pela holding para a PLR e o PRD/PPP.
As demais subsidiárias – Transpetro, TBG, PBio e Ansa (Fafen-PR) – aumentaram ainda mais as diferenciações em relação à Petrobrás e as desigualdades entre os trabalhadores com e sem função gratificada. As apresentações feitas pelas empresas foram na contramão de tudo o que a categoria petroleira reivindica e dos princípios que a FUP vem defendendo desde o início do processo de negociação da PLR: isonomia para os trabalhadores do Sistema Petrobrás e redução das desigualdades remuneratórias, com uma relação piso e teto mais justa.
A direção da FUP enfatizou que a reunião desta terça escancarou os valores de parte da gestão da Petrobrás, que vão muito além dos cifrões apresentados e na direção contrária do que o acionista majoritário tem defendido. Enquanto o presidente Lula briga por uma reforma tributária para taxar os ricos e isentar os trabalhadores com salários mais baixos, no Sistema Petrobrás o movimento é inverso.
“Se não fosse a unidade dos trabalhadores e das trabalhadoras do Sistema Petrobrás, a gente não tinha superado o momento ruim que a gente passou. A PLR que a gente defende é o fruto coletivo do trabalho de todos nós e deveria ser linear. Não tem condições de, usando como justificativa um resultado financeiro ruim, eles piorarem para quem recebe menos. Isso não tem a ver com valores técnicos. Isso tem a ver com a questão da cultura organizacional, de quem eles acham que tem que ser valorizado nessa empresa”, afirma a diretora da FUP, Cibele Vieira, ressaltando o embate ideológico que está por trás do processo de negociação da PLR.
Veja o resumo das propostas apresentadas pelas subsidiárias:
Transpetro – proposta de PLR segue a da Petrobrás, mas os trabalhadores que receberem o piso ficam de fora do PRD/PPP. Ou seja, a remuneração variável além da PLR só será paga para os salários mais altos.
Termobahia – proposta de PLR segue a da Petrobrás e o modelo de PRD/PPP, também.
TBG – mantém as mesmas propostas da PLR e do PPP de 2023, sendo que a PLR o acordo proposto é por dois anos (2024 e 2025) e o PRD/PPP vale só para um ano. Ou seja, valores congelados.
PBio – não tem proposta de PLR e em relação ao PRD/PPP, acabou com o piso e aumentou o teto. Com isso, quem ganha menos, passa a receber 3,5 remunerações (antes eram 6 remunerações). Por outro lado, o PPP dos gerentes subiu de 3 para 4 remunerações. Ou seja, tira dos de baixo para aumentar a remuneração variável dos de cima.
Ansa – não haverá PLR 2024, nem PRD/PPP. A remuneração variável só será paga em 2026, com uma remuneração a menos, em relação ao programa da holding. Além disso, a empresa retoma o indicador Vaso (que mede volume de óleo derramado), na contramão do que a FUP superou na Petrobrás, trocando esse indicador (que pode estimular subnotificação) por outros pró ativos, como o reuso de água doce.
Indicativos da FUP serão dados na sexta
A FUP e seus sindicatos se reúnem na sexta (06) em Conselho Deliberativo para avaliar as propostas apresentadas pela Petrobrás e por suas subsidiárias e definir os próximos passos da campanha de PLR. O debate ainda está em curso, pois a atual legislação garante que a negociação pode ser realizada até três meses antes da data de pagamento da PLR.
Portanto, é preciso que a categoria faça uma análise criteriosa para além do simulador divulgado pela Petrobrás. Na reunião com a empresa, as lideranças sindicais têm enfatizado que não há limitadores intransponíveis impostos pela Sest, como tem argumentado os representantes da empresa. Os obstáculos podem ser ultrapassados, como muitas vezes ocorreu nos processos de negociação coletiva.