Sem formação na área, o militar recomendado por Jair Bolsonaro, se aceito pelo Conselho Administrativo da Petrobrás, assumirá o cargo de presidente da estatal no próximo mês
Por Andreza de Oliveira
Nomeado na última sexta-feira (19), o general do Exército Joaquim Silva e Luna foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir Roberto Castello Branco no comando da estatal. A mudança deve ocorrer em março deste ano, se o nome do novo presidente for aprovado pelo Conselho Administrativo da Petrobrás.
Militar da reserva, antes de ser anunciado como possível novo comandante da petrolífera, Silva e Luna ocupava, desde 2019, também por indicação de Bolsonaro, o cargo de Diretoria-Geral da estatal Itaipu Binacional – hidrelétrica brasileira e paraguaia responsável pela produção de energia para 15% do Brasil.
Pioneiro dentre os militares a ocupar o Ministério da Defesa, antes de assumir, em 2018, o cargo mais alto da pasta, o general também foi Secretário Pessoal de Ensino, Saúde e Desporto, ainda na gestão de Michel Temer (MDB) – ex-presidente que disse em recente entrevista ao Estadão que “o Brasil vai se surpreender positivamente com Silva e Luna na Petrobrás”.
Para muitos, Silva e Luna é visto como um típico militar – cumpre o que lhe é pedido e é subserviente às ordens. Outra característica do perfil do general é a discrição e atitudes apaziguadoras em situações conflitantes.
Aos 71 anos e prestes a assumir ativamente a presidência de uma das maiores petroleiras do mundo, o general não possui experiência e nem formação na área. Ele vê “missão de Deus” no novo cargo e afirma que não haverá interferência nos preços da estatal.
Natural de Barreiros (PE), em 1972, Silva e Luna se graduou como aspirante oficial da arma de Engenharia, na Academia Militar das Agulhas Negras – mesma instituição que formou Jair Bolsonaro. Luna também tem pós-graduação em Política, Estratégia e Alta Administração do Exército e doutorado em Ciências Militares, ambos realizados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Entre os anos de 1992 e 1994, o militar foi membro da Missão Militar Brasileira de Instrução e Assessor de Engenharia na República do Paraguai e adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico no Estado de Israel, de 1999 a 2001.
Silva e Luna também foi comandante da 16.ª Brigada de Infantaria de Selva, no Amazonas, de 2002 a 2004, diretor de patrimônio em Brasília (DF), chefe do gabinete do Comandante do Exército, de 2007 a 2011, e chefe do Estado-Maior do Exército de 2011 a 2014 e comandou várias companhias de Engenharia de Construção na Amazônia.
Militarização das instituições
Além da indicação de Joaquim para presidir a empresa, Bolsonaro já havia nomeado, em 2020, outros dois militares das forças armadas para o Conselho Administrativo da Petrobrás, são eles: Eduardo Bacellar Leal Ferreira, almirante de esquadra da Marinha e Ruy Flaks Schneider, oficial da reserva da Marinha.