É com muita alegria que Benito Ferreira Gonçalves de 75 anos lembra de seus colegas da Replan, em Paulínia.
Ainda jovem, Benito trabalhou por 11 anos na Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), atualmente Usiminas, como técnico de segurança. Em setembro de 1971 chegou na Petrobrás para trabalhar como bombeiro, técnico de segurança e, posteriormente, supervisor de segurança até meados de 1987, quando se aposentou.
Benito lembra do respeito mútuo entre os cargos de chefia e os trabalhadores dentro e fora da empresa. “Naquela época os dirigentes eram amigos de todos e após o expediente jogavam bola e faziam churrasco juntos”. Na Petrobrás todos eram responsáveis por suas funções e não havia assédio moral e nem perseguições. Era uma instituição mais humana e se preocupava com a saúde e integridade do trabalhador, afirma o petroleiro aposentado.
Foi na refinaria que Benito conheceu pessoas e vivenciou histórias que se lembraria para o resto de sua vida, principalmente as traquinagens que aprontava com os colegas. Era comum a equipe de segurança pregar peças em seus colegas e ele contou para o Jornal Petroleiros alguns “causos” memoráveis.
Ceará
Em meados de 1978, a Replan estava precisando de um mergulhador e a turma do Benito decidiu pregar uma peça no Ceará.
O rapaz que acabara de chegar para incorporar a equipe de segurança da refinaria, acreditou que poderia ser o novo mergulhador e se dedicou bastante. Por quase um mês Benito e seus colegas treinaram Ceará em um tanque que tinha 20 cm de profundidade até achegar o grande dia em que seria levado pela empresa para mergulhar.
Nesse dia Ceará trabalhou até zero hora e passou a manhã aguardando a condução, que nunca chegou.
Libélula ou Zorro
Era Carnaval e um funcionário de um posto de gasolina disse ao pessoal da refinaria que gostaria de desfilar no bloco da equipe de segurança. A turma traquina pensou e um deles perguntou.
– Você prefere sair de libélula deslumbrada ou de Zorro? Perguntou um dos seguranças.
– O que é libélula? Questionou o rapaz do posto.
Ao receber a resposta sobre como é o inseto, o jovem preferiu se vestir de Zorro.
Depois de escolherem a fantasia eles marcaram o ponto de encontro que seria na antiga rodoviária de Paulínia, mas o bloco não apareceu.
O funcionário do posto ficou aguardando a folia vestido com um traje preto e segurando uma espada feita com uma vassoura.
O borracho e o ET
Um borracho (como são chamados os estagiários da Replan) foi fazer uma medição de tanque e tinha um funcionário usando uma roupa aluminizada enquanto subia a escada. O novato pensou que tinha visto um alienígena e correu assustado até se deparar com outro homem com a mesma vestimenta no meio do caminho.
O borracho passou um tempo pensando como um extraterrestre estaria duas vezes no mesmo lugar.
A casa de bomba
A casa de bomba do Rio Jaguari era um lugar “tenebroso”. Um dia um dos operadores foi atropelado e se machucou bastante. Após ser medicado e com curativos de gaze pelo corpo, o rapaz foi assustar o colega que estava no local durante a madrugada. Ele chegou para os outros e disse “Oi”. Ao ver a pessoa machucada o colega se apavorou e recorreu ao rádio para chamar os vigilantes, bombeiros e operadores da Petrobras para verem o que estava acontecendo. Ele acreditou que tinha visto um demônio.
Vai explodir
Todos os dias alguém da turma da traquinagem ligava para a segurança se passando por supervisor e pedia ao colega que atendesse o telefone para levar um pacote de dinamite. Os supostos supervisores instruíam o amigo para que fosse cuidadoso ao transportar a bomba (que na verdade era um pacote de pedra), caso contrário essa explodiria. Quando chegaram ao destino um dos amigos foi até o veículo e ao pegar o pacote simulou um tombo. O segurança que caiu na brincadeira saiu correndo com medo do local explodir.
Por Marina Azambuja