Unigel usa trabalhadores como linha de frente na sua estratégia de chantagem

Para forçar a assinatura de um contrato com a Petrobrás que institucionalizaria a terceirização da atividade fim , empresa que gerencia as fábricas de fertilizantes da Bahia e Sergipe colocou toda a sua mão de obra em aviso prévio

trabalhadores
A FUP, em contrapartida, apresentou uma proposta que converge os interesses da Petrobrás e dos trabalhadores

Por Albérico Santos Queiroz Filho*

A Unigel, mais uma vez, usa seus trabalhadores como linha de frente na guerra que trava contra a Petrobrás para conseguir benefícios espúrios. Dessa vez, colocou em aviso prévio toda a sua mão de obra. Que ela não tem preparo para fazer parte do setor de fertilizantes, todos já sabemos, mas isso não significa que ela tenha autorização para destruir a saúde mental dos seus funcionários apenas para sustentar o ego dessa gente de caráter pequeno que não sabe reconhecer o erro de análise e ter a hombridade de sair do mercado.

Alguém pagará essa conta e lutaremos para que não seja a classe trabalhadora, que é digna de respeito e exige previsibilidade em sua vida. São centenas de mães e pais de família que dependem do seu emprego para planejamento e organização da sua vida pessoal.

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) tem proposta sólida e que converge com os interesses da Petrobrás e dos trabalhadores – sem desconsiderar a Unigel. A proposta conta com a devolução das unidades para a Petrobrás com operação assistida, serviço a ser prestado pela própria Unigel e seus trabalhadores (semelhante ao feito durante a privatização golpista da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia).

O prazo desse contrato, diferente do previsto no contrato de Tolling*, precisa garantir tempo suficiente para a realização de concurso público, contratação e treinamento dos novos trabalhadores, permitir o retorno dos companheiros que foram transferidos compulsoriamente da Bahia e Sergipe – que tiveram suas vidas e saúde muito prejudicadas –, além de dar a possibilidade dos trabalhadores da Unigel organizarem suas vidas ao longo desse período, tendo a oportunidade inclusive de participar dos concursos públicos a serem abertos. Tudo isso sem precisar parar a produção.

Não aceitaremos que a gestão da empresa faça da ameaça aos trabalhadores uma técnica de gerenciamento de crise. Óbvio que todos nós temos preocupação com os empregos dos companheiros, mas não aceitaremos que sejam usados como massa de manobra para atender aos interesses econômicos e políticos da Unigel.

*Para não restar dúvidas, a situação atual é a seguinte: a Unigel tenta repassar o risco do negócio para a Petrobrás por meio de um contrato de Tolling, ferramenta contratual de formalização da terceirização da atividade fim. Nesse modelo, a Petrobrás ficaria responsável por fornecer o gás natural para a Unigel, que iria “industrializar” o gás e devolver para a Petrobrás na forma de amônia e ureia. Essa jogada tem o propósito exclusivo de retirar o risco do negócio da Unigel, já que a negociação da venda de amônia e de ureia seria de responsabilidade da Petrobrás. Isso não chega a ser novidade, já que o setor privado volta e meia pede colo ao Estado por não ser capaz de gerir o negócio.

Em outra vertente, a Unigel tenta se vitimizar e culpar a Petrobrás pelo custo alto do gás natural, mas não cita que compra do livre mercado e já possui contrato com mais quatro fornecedores além da própria Petrobrás. Tudo isso para não chamar a atenção para sua grave crise financeira, tendo nota de crédito de ‘rebaixada’ e dificuldade de negociar com os credores.

Albérico Santos Queiroz Filho é diretor do Sindipetro Unificado.

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