No episódio de hoje, destacamos a jornada do Josef Mengele pantaneiro, uma caricatura bolsonarista que ocupa um cargo de supervisor na Usina Termelétrica Luís Carlos Prestes (UTE-LCP), em Três Lagoas
Por Bronca do Peão*
Na Usina Termelétrica Luís Carlos Prestes (UTE-LCP), localizada em Três Lagoas (MS), encontramos sofridos personagens que marcaram nossa história ao longo dos últimos anos, quase sempre de maneira negativa. Esse é justamente o caso de um supervisor que estufa o peito para falar que na Petrobrás é onde ele ganha dinheiro fácil.
Seu currículo não deixa margem pra dúvida: é bolsonarista suspeito de financiar atos golpistas; comemorou a prisão do Lula, o golpe de 2016 e a vitória do Bolsonaro; é anticiência, fez pouco caso das mortes na pandemia e banca o sommelier de vacina; tem uma bodega para se sentir empresário e, claro, é um mega investidor da bolsa de valores (em horário de trabalho) e pirâmides financeiras. Arrogante, essa caricatura protagonizou eventos absurdos na Petrobrás.
Em 2015, o Josef Mengele pantaneiro liberou um serviço que acontecia na área externa da Petrobrás, para executar uma manutenção em uma caixa de passagem que interliga a estação de captação de água bruta à unidade. Lá passam os cabos de 4.16kva, que haviam sido desligados para a realização do serviço (basicamente drenar e acessar o interior da caixa). Porém, fazer a coisa certa não estava no cardápio e o parto do dia foi um serviço pronto para ser realizado sem permissão para trabalho (PT, documento legalmente exigido para todo trabalho em área industrial) e sem análise de risco.
Quando questionado sobre a existência da PT, veio a resposta estarrecedora: “Esse serviço não precisa de PT”. Colocado contra a parede, o bonito colocou a culpa no setor de SMS (que estava na sala de controle acompanhando a conversa pelo rádio). No mesmo instante, a pessoa do SMS respondeu, informando que atende as demandas passadas pela operação e que em nenhum momento havia sido demandada para aquela atividade.
Resultado: o serviço não aconteceu naquele dia e, durante a realização da análise de risco, ficou constatado que se tratava de espaço confinado, um dos mais perigosos para se trabalhar. Depois disso, foi aberta uma investigação (sic), que concluiu que o errado tinha sido o operador, que usou o rádio comunicador sem autorização e, por isso, recebeu uma advertência – para a surpresa de ninguém. Enquanto isso, o bacana ganhou um curso de supervisão na Bahia. Magoado por ter sido exposto, passou a se referir ao operador na passagem de turno entre supervisão como “aquele baiano filho da puta”, dando aquele tempero de xenofobia que não pode faltar na dieta dos fascistas.
Em outro evento, nosso líder de brigada resolveu apagar incêndio em um transformador de potência na subestação com o equipamento energizado, jogando no lixo um princípio básico de combate a incêndio. Durante o evento, o extintor de incêndio soltou o gatilho da mangueira, que começou a ricochetear e espalhar uma nuvem enorme de pó químico – nosso bravo herói sufocou um pouco, mas nada grave. Por sorte, nesse evento ele só colocou em risco a vida dele, mas essa é a pessoa que lidera a brigada fora do horário administrativo.
Achou bizarro? E se eu te contar que houve um incêndio em um turbo gerador e a conclusão da investigação do acidente foi que a causa base tinha sido a abertura das portas, que o fabricante faz questão de informar no manual da máquina que não poderiam permanecer abertas durante a operação? Eu realmente gostaria de saber em qual universo paralelo o gerente geral das termelétricas esteve durante os muitos anos que ocupa o cargo para não ter visto nada disso e permitir que situações como essa continuassem a acontecer. Me preocupo se passa pela covardia de fazer o que é necessário ou pela absoluta negligência com o cargo que ocupa.
É essa liderança ofensiva aos trabalhadores e aos preceitos mais básicos de segurança em uma unidade industrial que vem se perpetuando em cargos de confiança na Petrobrás. Pessoas assim estão como verdadeiros parasitas que impedem o livre e benéfico desenvolvimento da empresa, tudo isso com a benção dos seus gerentes imediatos, que, quando não apoiam deliberadamente, passam pano para essa incompetência generalizada.
Não percam o próximo episódio: O Príncipe, o retorno!