Os trabalhadores da Utilidades da Replan vêm sofrendo assédio moral por parte da gerência do setor, que tem distribuído advertências a torto e a direito e sem motivos justificáveis, além de serem expostos a situações constrangedoras. Só nos últimos três meses, o Sindicato recebeu relatos de pelo menos três punições absurdas aplicadas pela gestão, com abuso de poder, e investiga outros casos.
Uma das advertências foi dada a um operador por ter solicitado ao SMS um cinto de duplo talabarte para usar em escadas tipo marinheiro – existia um procedimento da Petrobrás-RJ de uso desse equipamento, que não é aplicado na Replan. O setor de segurança cedeu o cinto e orientou o trabalhador a usá-lo toda vez que achasse necessário.
O gerente da Utilidades ficou completamente irritado com a situação, contestou a necessidade do equipamento e ameaçou tirar o trabalhador do turno e até mesmo da operação. Chegou ao cúmulo de obrigar o petroleiro a usar o cinto durante todo o expediente e fez chacota com o trabalhador, a fim de expô-lo diante do grupo e, dessa forma, desmotivar os demais a questionar o que o gerente “manda fazer”.
No dia 25 de junho, o Sindicato esteve no setor e constatou que o trabalhador utilizava o cinto aleatoriamente. “É uma situação de assédio moral grave. Primeiro, por desestimular os trabalhadores a debaterem a segurança e, segundo, porque colocou a integridade do operador em risco, já que as alças do cinto podem enroscar em equipamentos rotativos, de condutividade elétrica ou com parte móvel. O cinto é seguro em determinadas atividades, mas expõe o trabalhador a risco em outras”, declara o diretor do Unificado Gustavo Marsaioli.
Uma semana após o ocorrido, segundo informações dos trabalhadores, o gerente voltou atrás e liberou o uso do cinto. O operador, entretanto, foi advertido. De acordo com informações, o gerente teria usado a justificativa do cinto para aplicar uma advertência referente à uma ocorrência antiga, pelo fato de o trabalhador ter feito cursos de EAD fora do seu horário de expediente.
Tychen
Outro caso aconteceu durante manobra de recebimento de ácido sulfúrico para os tanques da ETA. O operador que fazia o procedimento usava os EPI’s obrigatórios, mas foi advertido verbalmente pelo tal gerente, na frente dos colegas do turno, por não estar utilizando por baixo da roupa o macacão Tychen (a vestimenta possui um zíper que não protege de vazamento de ácido).
O uso do conjunto de PVC junto com o Tychen é desnecessário e não faz parte das exigências do procedimento e nem consta na Instrução Operacional (IO). Apesar disso, a gerência fez questão de expor o trabalhador a uma situação embaraçosa.
Operadores do setor afirmam ainda que já apontaram, por várias vezes aos superiores da ETA, a necessidade de serem adquiridos conjuntos individuais de recebimento de ácido sulfúrico para uso de cada trabalhador, mas até agora não foram atendidos.
Na sexta-feira (12), o Sindicato entrou com denúncia contra a Petrobrás no Ministério Público do Trabalho (MPT) pelo descumprimento da NR.
Gerente tenta intimidar dirigentes do Sindicato
Quando o Sindicato esteve presente no setor de Utilidades, no dia 25, o gerente ignorou a presença dos dirigentes. “Ele não deu nem bom dia e ficou visivelmente incomodado com nossa presença, que havia sido autorizada pela empresa”, contou Marsaioli.
O gerente alegou que os diretores haviam paralisado os trabalhadores para realizar uma assembleia não autorizada no setor e chamou a segurança da empresa para “conversar” com os sindicalistas. “Ele quis intimidar os diretores e demonstrou ser uma pessoa com inabilidade gerencial, já que mentiu e agiu de forma covarde”, afirmou Marsaioli.
A direção do Sindicato enfatiza que sempre esteve disponível ao diálogo com todos os trabalhadores, independente do cargo. “Frequentemente, durante nosso trabalho de base, nos sentamos para conversar com supervisores e gerentes, sempre de forma respeitosa. Por isso, nos causou surpresa essa atitude do gerente, porque ela quebra a base do nosso trabalho de interlocução com a empresa, que são o respeito e a confiança”, argumentou.
Segundo Marsaioli, essa conduta do gerente setorial é de inteira responsabilidade do gerente de grupo 1, do RH e do gerente geral. “Esperamos que isso seja tratado, que o tal gerente se desculpe com a entidade sindical e que as punições aos trabalhadores sejam revistas”, destacou.
Em virtude dessas ocorrências, o Sindicato iniciou um ciclo de paradas com os trabalhadores da Utilidades, que relataram que outras punições foram aplicadas no setor. Os dirigentes estão averiguando esses novos casos para tomar as providências necessárias.