Capela onde ocorreu o acidente
No dia 11 de maio, no turno 16/24, um técnico químico de petróleo realizava um procedimento de limpeza em um aparelho de ensaio quando verificou uma falha no sistema de aquecimento. Ao tentar se posicionar melhor para solucionar o problema houve o escorrimento de um solvente, que atingiu um dos olhos do técnico.
Imediatamente ele lavou o olho atingido, procurou o médico de plantão e foi encaminhado para atendimento externo. Houve abertura de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), mas foi avaliado que o trabalhador estava apto a retornar a suas funções, sem necessidade de afastamento.
Dois dias depois, o técnico relatou que continuava a sentir “um incômodo” no olho e, aí sim, foi feito o afastamento.
O coordenador da Regional Campinas do Unificado, Gustavo Marsaioli, avalia que a empresa fez de tudo para não dar afastamento ao trabalhador. “Aparentemente, o retorno ao trabalho com restrições foi feito para evitar um acidente com afastamento. Mesmo com restrições foi mantido no turno para evitar dobra, fato que piorou sua condição”.
Para combater o agravamento do problema, o técnico teve de tomar antibiótico, o que causou uma baixa de imunidade no organismo e provocou uma herpes no olho.
Leandro Braga, que participou da Comissão que investigou o acidente afirmou que não houve descumprimento de normas de gestão e não foi identificado nenhum procedimento específico. Um dos problemas, segundo ele, foi do interruptor ficar do lado interno da capela. “A recomendação para a troca do interruptor já existe há alguns anos, mas nunca foi providenciado, informou Braga.
Mesmo com esse relatório, o gerente do setor aplicou uma advertência ao técnico – com base nas chamadas “regras de ouro” –, e o ameaçou de demissão.
“É um absurdo o trabalhador receber uma punição quando tentava resolver um problema gerado por um erro de posicionamento do equipamento. Se há alguma irregularidade nessa situação é o fato da empresa não ter implementado as orientações existentes no relatório da consultoria HERCO, MD-REPLAN-124-70-001-rev B, do ano de 2010, que já solicitava a remoção das tomadas do interior da capela”, afirma Leandro Braga.