Em sua 13º edição, SindiPapo aborda como a classe trabalhadora deve se organizar na luta contra a crise política e sanitária que assola o Brasil
Por Andreza Oliveira
Nesta quarta-feira (1), foi ao ar uma edição extra do SindiPapo, série de lives produzidas pelo Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), que teve como tema o papel da classe trabalhadora no enfrentamento da pandemia.
O bate-papo, mediado pelo jornalista Guilherme Weimann, contou com a participação do ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, da geóloga eleita como a nova representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, e do vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
A partir da contextualização das lutas e mudanças pelas quais a classe trabalhadora já passou, José Dirceu apontou dificuldades na atual conjuntura brasileira. “Poucos países passaram por um estresse político como o Brasil entre os anos de 2013 e 2018 e todas essas tensões criaram uma situação de desmobilização da população”, afirmou o ex-ministro.
No mesmo sentido, o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, reconheceu a falta de mobilização por parte dos sindicatos cutistas, mas garantiu que isso ocorre porque a entidade tem uma política de preservação à vida e, no momento, o isolamento é a maneira mais eficaz de combate à doença.
Para ele, as mobilizações migraram, na atual conjuntura, para o ambiente digital. “Hoje, uma das formas mais fáceis de conseguir contatar o trabalhador acontece por redes sociais, o que facilita com que os sindicatos consigam falar com mais gente e de maneira mais direta”, apontou.
Desmobilização e individualização da classe
Para a geóloga e representante dos petroleiros no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, a partir do início da Operação Lava Jato criou-se um inconsciente coletivo de que as empresas estatais e os funcionários públicos são sinônimos de corrupção. “A Lava Jato não destruiu apenas a Petrobrás, mas também toda a engenharia nacional, a indústria naval e a metalúrgica”, denunciou.
Vagner Freitas observou que, apesar de todas as mudanças pela qual a classe trabalhadora passou, a parcela que consegue se organizar é minoritária. “A grande maioria não tem direitos trabalhistas e é politicamente desorganizada por conta da desordem provocada pelo mercado e pela economia”, afirmou o vice-presidente da CUT, que também lembrou que os empregos gerados nos novos moldes da economia corresponde à oficialização dos “bicos”.
Novas lutas para os trabalhadores
Em recente texto publicado no blog Nocaute, José Dirceu sugeriu a criação de uma frente democrática para lutar contra as políticas impostas pela gestão do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Temos de nos alinhar a todos os que se opõem ao governo e a tudo o que ele representa”, reiterou o ex-ministro.
Dirceu também recomendou a organização de manifestações alternativas. “Tem-se muitas maneiras de realizar manifestações, como com projetores, carros de som, e até mesmo uma baixa quantidade de pessoas ocupando praças, tudo isso em busca de um protagonismo, já que a mídia está dando cobertura”, opinou.
Já a petroleira Rosangela Buzanelli recordou que o início da sua militância ocorreu na década de 1970, época em que o golpe militar se instaurou no Brasil. “Sempre digo que nunca imaginei que, numa mesma existência, teria de combater duas ditaduras”, lembrou, apontando ainda que a categoria petroleira, mais uma vez, se fará presente em defesa da democracia. “A classe trabalhadora e os petroleiros estarão sempre de prontidão, prontos para a luta, porque nunca fugimos dela e não vai ser agora que iremos fugir”, finalizou.
Acompanhe o bate-papo completo: