SindiPapo – Democracia e os quatro poderes: quem comanda o Brasil?

Em bate-papo, convidados debatem como a crise sanitária de Covid-19 é agravada pela gestão política brasileira

Por Andreza Oliveira

Na última sexta-feira (05), foi ao ar mais uma live promovida pelo Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP). O tema debatido nessa edição do SindiPapo foi a gestão política dos quatro poderes e como a democracia brasileira pode ser afetada por eventuais conflitos entre eles.

Participaram da conversa o advogado e membro da direção nacional da Consulta Popular, Ricardo Gebrim, o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Eduardo Costa Pinto, e o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro-MG, Alexandre Finamori.

Em um cenário já trágico por conta de um rápido avanço da pandemia de Covid-19, as tensões político-sociais colocam ainda mais em risco a democracia nacional. Na visão do advogado Ricardo Gebrim, a ascensão do neofascismo no Brasil é preocupante e o elemento central para seu combate seria a organização de uma frente de forças populares. “Uma unidade em defesa da democracia, com coalizão de setores da burguesia, deve ser articulada de maneira pontual como elemento decisivo para a derrota do fascismo”, completa.

Para o pesquisador Eduardo Costa Pinto, com o governo se articulando de maneira autoritária e colocando na mão dos militares cargos centrais nos ministérios, a democracia acaba se restringindo por conta de uma disputa armada. “Principalmente depois de 2018, houve um grande movimento de politização nos quartéis brasileiros, fazendo com que militares que até então estavam fora da política pudessem balançar suas armas”, afirma o docente sobre a tentativa de um golpe de direita, proposto por Jair Bolsonaro (sem partido) com a militarização do governo.

Abuso de autoridade para o desmonte estatal

O processo de desmonte e privatização da Petrobrás, assim como de outras companhias públicas do país, teve seu início em meados de 2016 com o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT). Para o petroleiro e sindicalista, Alexandre Finamori, a greve da categoria no início deste ano deixou claro que as ações do governo contra os trabalhadores são passos estratégico para o desmonte do Estado. “Além de em nenhum momento a Petrobrás tentar conversar conosco, o tratamento adotado pela Polícia Militar para impedir a mobilização da classe petroleira replicava o repúdio de Bolsonaro contra o movimento sindicalista”, completa o dirigente.

Apesar de nacionalista, conservador e de extrema-direita, o atual governo brasileiro possui uma peculiaridade divergente em relação a maioria das outras nações governadas por líderes do mesmo espectro político de Bolsonaro: aqui, o principal inimigo do Estado é interno. “Em nenhum lugar do mundo a extrema-direita é neoliberal como no Brasil. Aqui, graças à operação lava-jato, o Estado é sinônimo de corrupção e isso foi fundamental para a vitória de Bolsonaro”, afirma o pesquisador Costa Pinto que aponta o presidente como a infecção oportunista que se apropriou do Brasil enquanto corpo doente.

Cenário futuro

Com o agravamento da condição de vida da população brasileira por conta do coronavírus, muitas tensões militares compõem o cenário pós-pandemia imaginado pelo advogado Ricardo Gebrim. “Talvez estas tensões que serão desencadeadas promovam a abertura de uma janela política de possibilidades revolucionárias”, opina.

Já para o petroleiro Alexandre Finamori, esse momento histórico precisa ter o povo como protagonista no enfrentamento da crise. “Assim como é necessária a organização dos trabalhadores para evitar a consolidação do sistema neoliberal, a Petrobrás, como estatal, também é fundamental na retomada da crise”, finaliza o trabalhador.

Confira o bate-papo completo na íntegra:

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