Em São José dos Campos, apoiadores do presidente ameaçaram apedrejar companhia que divulgou campanha em outdoor, denuncia dirigente do Sindipetro de São José dos Campos
O modus operandi dos militantes bolsonaristas se assemelha cada vez mais ao do seu líder, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, diante da incapacidade de lidar com críticas, apelam à truculência, ameaças e hidrofobia.
Na última terça-feira (26), em São José dos campos, essa lógica se reafirmou quando apoiadores do governo forçaram a retirada de uma peça de publicidade do bairro Uber Nova, localizado em uma região de classe média da cidade.
A propaganda trazia os dizeres “Para salvar o Brasil do coronavírus. Em defesa da vida, direitos e empregos”, com uma imagem do presidente associada ao “Fora Bolsonaro”
O material faz parte da campanha do sindicato em defesa do isolamento social para conter a pandemia de COVID-19 no país e também conta também com outra peça destacando a necessidade de ficar em casa para salvar vidas, não lucros. Essa, porém, foi mantida.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Petroleiros de São José do Campos (Sindipetro-SJC), Rafael Prado, a Emplac Publicidade alegou que recebeu ligações com ameaças durante toda a noite de segunda-feira (25), inclusive de apedrejamento, após a veiculação da propaganda. Nas redes sociais, grupos de apoio ao presidente ameaçaram “começar uma guerra em SJC”.
Ele aponta ainda a gravidade da censura a uma manifestação pública de insatisfação com o governo e destaca o crescimento do autoritarismo sustentado por um séquito de seguidores municiados e incentivados pelo próprio presidente.
“Como não tem argumentos para sustentar absurdos, o presidente e seus seguidores apelam para a violência. Chegamos ao absurdo de ver a empresa emitir uma nota pedindo desculpas aos bolsonaristas por veicular nossa propaganda”, afirma Prado.
Diante da situação, o sindicato convocou uma mobilização virtual a partir do Facebook e do YouTube da entidade para esta sexta-feira (29), às 12h.
As agressões de seguidores do presidente têm se tornado frequentes com a queda de popularidade do governo e com as investigações contra familiares de Bolsonaro e integrantes do governo. Apenas no último mês, grupos de bolsonaristas agrediram enfermeiros que se manifestavam a favor do isolamento social como forma de combate à pandemia, em 1º de maio, e dois dias depois, jornalistas que cobriam o depoimento do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.