Programa de Aumento por Méritos da Petrobrás volta a gerar distorções, aponta FUP

Segundo Federação, modelo irá colocar trabalhador para concorrer com supervisor

Programa vai na contramão do reconhecimento à dedicação dos petroleiros (Foto: Reprodução O Petróleo)

Por Federação Única dos Petroleiros

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos filiados já alertavam em 2018 para os riscos e prejuízos que os petroleiros amargariam com perdas de direitos e para a insegurança jurídica, caso aderissem ao Plano de Cargos e Remuneração (PCR).

O pacote foi uma jogada dos gestores para dividir e fragilizar a categoria e, novamente, a gerência da empresa cria ferramentas para gerar uma cultura de disputa entre os trabalhadores com as mudanças do Programa de Aumento por Mérito da Petrobrás.

Nessa segunda-feira (26), a gestão do novo presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, apresentou à FUP a nova proposta após ter sido divulgada para toda a força de trabalho.

Para a federação, o modelo dá continuidade ao programa criado pela gestão Castello Branco, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro deste ano.

A categoria já viveu ataques desse tipo quando os governos neoliberais também colocaram à venda direitos históricos, como a progressão automática de nível a cada 12 e 18 meses, que vigorava até 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

A FUP levou dez anos para recuperar a progressão salarial, ao pactuar, em 2007, o Plano de Classificação e Avaliação de Cargos (PCAC), que garantiu o avanço de nível por antiguidade a cada 24 meses, recuperando somente em 2011 o modelo 12, 18 e 24 – já extinto para quem migrou para o PCR.

O Programa de Aumento por Mérito apresentado agora resgata o formato que gerava diversas distorções, colocando diferentes para concorrer como se fossem iguais.

Colocar o trabalhador para concorrer com o supervisor induz o gerente a contemplar o segundo, por isso havia a separação de verbas para trabalhadores com e sem função gratificada.

Ao voltar a considerar o valor do nível e não percentual de contemplados, a concessão de um nível para um empregado com salário mais alto consumirá a verba que poderia contemplar várias pessoas com salários mais baixos.

Essas mudanças podem induzir um gerente a fazer um cálculo e distribuir a verba à sua equipe, ao invés de contemplar pelo desempenho apresentado. O valor do nível, entre pessoas com atribuições desiguais, não deveria ser uma variável da cabeça dos gestores ao avaliarem os desempenhos em suas equipes.

Para quem permaneceu no PCAC, a empresa extinguiu o nível de 12 meses. Os de 18 e 24 estão mantidos devido à carta compromisso que os garantem.

Enquanto no PCR, na melhor das hipóteses, alguém poderá receber até 3 níveis, em função da limitação de verbas, uma grande parte ficará sem a conquista. Já no PCAC, na melhor das hipóteses, poderá garantir 1 nível em 18 meses.

Porém na pior das hipóteses, no PCAC está garantindo 1 nível em 24 meses e no PCR poderá ficar até 5 anos para atingir o valor, o que antes era garantido para todos e agora apenas para quem não receber nível algum nesse período.

Problemas gerais

Programas de desempenho, de modo geral, ao serem aplicados sempre criam muitas distorções. Por isso, o movimento sindical sempre busca fortalecer o avanço automático por tempo de serviço.

Ao analisar a estrutura do programa é necessário determinar qual o tipo de comportamento procura valorizar.

Com as mudanças, fica claro que a intenção é voltar ao que era, ou seja, as distorções voltarão. Mas será que a gestão da empresa não sabe disso ou será que o que eles querem mesmo é contemplar apenas quem tem algum cargo para cooptá-lo às equipes de contingência?

Ao perseguir quem exerceu o direito de permanecer no PCAC, está perseguindo aqueles que não cedem a pressões constantes no dia-a-dia da Petrobrás.

Ao voltar a considerar o valor do nível em si, a companhia induzirá os que estão no topo da carreira a ficarem estagnados e aceitarem sair no Programa de Demissão Incentivada Voluntária (PDIV).

A direção da FUP compreende que a demissão de Castello Branco representa uma possibilidade de interrupção dessa política de RH no sistema Petrobrás e espera que o novo presidente Silva e Luna cumpra verdadeiramente o que tem prometido, valorizar os trabalhadores e trabalhadoras que constroem o dia a dia da companhia.

Leia também: Petrobrás concede pagamento adicional aos trabalhadores que furaram a greve na Replan

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