Apesar de parcela significativa divulgada pelo Ipespe, em pesquisas de outros institutos, e em anos anteriores, o número já atingiu 70% da população
Por Petróleo dos Brasileiros
Com o novo anúncio de mudança na presidência da Petrobrás, que agora tem como principal indicado o secretário de desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, o debate sobre o andamento do processo privatista da estatal voltou à tona. Ex-presidente da companhia, o general Joaquim Silva e Luna afirmou em entrevista, inclusive, que o novo indicado deve “abrir avenida para privatização da Petrobrás“.
Em meio ao ocorrido, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) divulgou em 20 de maio um levantamento que mostra que 49% dos brasileiros são contrários à venda da estatal petrolífera e que 44% acredita que a sua privatização aumentaria ainda mais os preços dos combustíveis.
Entretanto, em comparação às duas últimas pesquisas do Datafolha que discutiram o tema, realizadas em 2017 e em 2019, observa-se uma queda na parcela de brasileiros que não apoiam a privatização da Petrobrás. No primeiro estudo realizado pelo instituto, o número de pessoas contrárias ao processo era de 70%, e no segundo de 67%.
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Na opinião do doutor em Ciência Política e professor da Fundação Escola de Política e Sociologia de São Paulo (FESPSP), Aldo Fornazieri, apesar dos dois institutos utilizarem métodos diferentes de pesquisa, é possível traçar paralelo entre os resultados. “É difícil comparar porque são tempos muito distintos, e a opinião pública é sempre influenciada por acontecimentos presentes, o ideal seria uma pesquisa Datafolha recente”, explica.
Para ele, a mudança no cenário político pela qual o país passou desde 2017 influência na divergência entre os números. “Tem um setor influenciado pelo governo que faz campanha pela privatização e um público de classe média alta que já era favorável. Somados esses dois fatores, aumentou o percentual daqueles que querem a venda”.
Influência do preço dos combustíveis
A política de preços adotada pela Petrobrás (PPI), a desvalorização do real e a alta dos derivados de petróleo no mercado internacional – em decorrência dos conflitos entre Rússia e Ucrânia – impactaram diretamente o bolso do consumidor brasileiro.
A consequência disso é que, ainda de acordo com a pesquisa do Ipespe, 67% dos entrevistados se dizem favoráveis à privatização da companhia se isso representar a diminuição dos preços dos derivados.
Segundo Fornazieri, essas altas podem ter provocado mudança no posicionamento dos brasileiros em relação à privatização da estatal. “Acho que a alta dos preços pode ter influenciado junto com os discursos do governo, porque eles supostamente atribuem o fato da Petrobrás ser inteiramente estatal, o que sabemos que não é, à essa circunstância de elevação do preço dos combustíveis”.
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A posição pró-privatização que o governo de Jair Bolsonaro (PL) vem adotando, de acordo com o pesquisador, traz à população a sensação de que a venda da estatal baratearia o preço dos combustíveis, o que não é bem assim.
Muita gente acha que privatizando [o combustível] sairá mais barato, mas o que acontece é o contrário, porque com a venda o Estado perde totalmente o controle de interferência
Para chegar aos resultados, o Ipespe entrevistou mil pessoas de todas as regiões do Brasil. Já em suas versões anteriores, o Datafolha conversou com 2.765 pessoas em 2017 e 2.878 em 2019, também das cinco regiões brasileiras. Ambas as pesquisas consideram participantes que não responderam ou não responderam.