O idealizador da APS é ninguém menos que o ex-gerente de Recursos Humanos, Claudio Costa, que teria cometido crime financeiro contra a Petrobrás
Por José Genivaldo da Silva*
A Associação Petrobras Saúde, a famigerada APS, é apresentada à categoria no bojo dos inúmeros ataques que os petroleiros vêm sofrendo desde a eleição de Bolsonaro. Mas, de todos, ela é, sem dúvida nenhuma, o mais cruel por atingir não apenas os que estão na ativa, mas também os que dedicaram toda uma vida à construção dessa empresa.
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Para além do desrespeito à dignidade desses que ergueram a Petrobrás, a APS tem problemas desde sua origem. O seu idealizador e implementador foi ninguém menos que o ex-gerente executivo de Recursos Humanos, Claudio Costa, que saiu da empresa por uma demissão sem justa causa, ainda não devidamente explicada à categoria, após ter supostamente cometido o crime de insider trading, que é caracterizado por obter vantagens com o uso de informações privilegiadas no mercado de ações. Na ocasião, a Petrobrás soltou uma nota dizendo que o episódio havia sido pontual.
Ou seja, a própria Petrobras admitiu o ocorrido e não o puniu, deixando claro que as regras de compliance não seriam para todos. E é nesse contexto, sob a batuta de alguém que violou as regras internas da empresa, que nasce a APS. Apenas esses indícios já bastariam para que todo o processo fosse cuidadosamente revisto, que as decisões fossem reavaliadas e que um amplo debate sobre os melhores caminhos para a empresa e também para os trabalhadores fosse realizado.
Informações da própria Petrobrás apontam que a AMS era extremamente competitiva e apresentava resultados positivos quando comparados com os do mercado de saúde brasileiro. Ou seja, não existiam motivos administrativos e de práticas negociais que apontassem para as atuais mudanças. A quem interessaria essas mudanças?
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A criação da APS é mais uma das marcas da nova política de recursos humanos aplicada na Petrobrás, que nada tem de estratégico, é feita e pensada para pagar bônus milionários para gestores, garantindo assim a entrega de nosso patrimônio e o futuro de ex-gestores.
Entretanto, o nosso futuro, dos trabalhadores, apesar de aparentemente sombrio, será de muita resistência e, principalmente, de busca por justiça e responsabilização desses que optaram pelo obscurantismo em detrimento de uma Petrobrás pública à serviço do povo.
*José Genivaldo da Silva é aposentado na Recap e diretor do Sindipetro-SP.