Prisão de Assange é risco para a democracia global

Por Norian Segatto

O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, foi preso na quinta-feira, 12_abr, pela polícia de Londres; ele se encontrava na embaixada do Equador como asilado político, mas sua condição foi revogada pelo atual presidente equatoriano, Lenín Moreno. Moreno, apesar de ser o sucessor de Rafael Correa, em uma aliança à esquerda, tem progressivamente alinhado seu governo à direita conservadora e aos interesses estadunidenses.

O Wikileaks prestou um enorme serviço à democracia e transparência mundiais ao expor, sem travas, milhares de documentos sigilosos e troca de correspondência entre autoridades e agências do governo dos Estados Unidos, como a NSA (National Security Agency) e políticos dos mais variados países, inclusive do Brasil. Em dezembro de 2010 tornou pública a mensagem do consulado dos EUA no Rio de Janeiro a Washington com o título “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”. O documento fazia análises sobre o interesse norte-americano e suas petrolíferas (Chevron e Exxon) e revelavam a insatisfação dessas companhias com a lei de partilha – em especial, com o fato de a Petrobrás ser a única operadora – e como elas atuaram fortemente no Senado para mudar a lei. “Eles são os profissionais e nós somos os amadores”, teria afirmado Patrícia Padral, diretora da americana Chevron no Brasil, sobre a lei proposta pelo governo. Segundo ela, o tucano José Serra teria prometido mudar as regras se fosse eleito presidente. (https://wikileaks.org/Nos-bastidores-o-lobby-pelo-pre.html)

Assange também denunciou o envolvimento dos Estados Unidos no golpe que derrubou Dilma Rousseff. Em entrevista ao jornalista Fernando Morais, do blog Nocaute, o fundador do Wikileaks afirma: “(A descoberta do pré-sal) faz com que outros partidos queiram reduzir o poder da Petrobrás, tirando os ganhos dela. Uma maneira de trocar favores com os Estados Unidos é facilitar à Chevron e à ExxonMobil o acesso a partes desse petróleo. Nas mensagens vazadas por WikiLeaks aparece um desejo constante das petroleiras americanas de ter o mesmo acesso ao pré-sal que a Petrobras tem”.

Ele também revela que Michel Temer, pelo que pode ser lido em documentos da NSA, foi, em janeiro de 2006, à Embaixada dos EUA no Brasil e passou informações sobre o governo brasileiro. “Ele foi à embaixada americana várias vezes para falar. Isso mostra um grau um pouco preocupante de conforto dele com a embaixada americana. O que ele terá como retorno? Ele está claramente dando informações internas à embaixada dos EUA por alguma razão. Provavelmente para pedir algum favor aos Estados Unidos, talvez para receber informações deles em retorno”, afirmou Assange. A entrevista, concedida antes do impeachment de Dilma Rousseff, pode ser acessada pelo link https://www.youtube.com/watch?v=bU7I1BnfzaU

A prisão de Julian Assange é mais um capítulo na escalada mundial do totalitarismo conservador, que nega as liberdades políticas e democráticas, dissemina o ódio, promove a intolerância, ataca direitos dos trabalhadores e promove nova e brutal concentração de renda. Ao divulgar documentos secretos, Assange deu uma importante contribuição para que o mundo entendesse o modo como o império dos EUA age em todo o planeta, golpeando a democracia e a autodeterminação das nações em nome dos interesses de suas empresas e de seu poderio militar.

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