Anúncio de diminuição é justificado pela estatal devido à venda de parte dos campos de Atapu e Sépia, ambos no pré-sal, para a iniciativa privada
Por Andreza de Oliveira
Na última semana, a Petrobrás anunciou, em comunicado oficial sobre o Plano Estratégico referente aos anos de 2022 a 2026, que pretende reduzir a meta de produção de petróleo da companhia de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente de petróleo por dia (boed) para 2,6 milhões. A alteração equivale a uma diminuição de 70 mil barris por dia.
A nova meta, publicada pela companhia, não impactará o montante de investimentos previstos para os próximos cinco anos, que continuará sendo de US$ 68 bilhões, e pretende continuar com os US$ 68 bilhões de investimentos anunciados para os próximos cinco anos.
Segundo a estatal, a redução da meta de barris ocorreu devido à venda de parte de Atapu e Sépia, campos localizados na Bacia de Santos, no polígono do pré-sal, cuja coparticipação de empresas estrangeiras foi autorizada no final do último ano.
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Para o sociólogo e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos, a atitude da estatal é contraditória, visto que no plano de desinvestimentos da empresa foram anunciadas vendas de ativos fora do Sudeste para que a companhia pudesse focar seus investimentos na produção e exploração do pré-sal.
Tem uma certa contradição, porque a Petrobrás já vem anunciando que vai concentrar sua produção no polígono do pré-sal, que é um espaço de explorações profundas e ultraprofundas em que a estatal já tem uma expertise e, ao mesmo tempo, amplia a participação de empresas estrangeiras nessa área com a partilha
Na partilha, cinco petroleiras estrangeiras venceram o leilão e irão compor dois consórcios, dentre elas algumas das maiores petroleiras do mundo como Shell, Total Energies, Petronas e Catar Petroleum.
Ramos explica que a importância do pré-sal vai além dos interesses da Petrobrás. “Só a Bacia de Campos, onde estão localizados os campos de Atapu e Sépia, é responsável por 70% da produção de óleo e gás consumidos no Brasil. Então, aumentando a participação de empresas estrangeiras, a estatal brasileira abre mão de reter parte da riqueza produzida pela indústria do petróleo no nosso país”, afirma.
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Na visão do pesquisador, essa redução da produção por conta da entrada de empresas estrangeiras faz parte da política de desinvestimentos da empresa.
“A estimativa da empresa é de uma redução de 70 mil barris por dia entre 2022 e 2026 por conta do aumento da participação de companhias privadas offshore no Brasil, inclusive no pré-sal, essa é a grande explicação para a diminuição da meta da Petrobrás”, conclui Ramos.