Além de Prates na Petrobrás, presidente eleito escolhe Alexandre Silveira como ministro de Minas e Energia; conheça os perfis
Por André Lucena*
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta semana, dois importantes nomes para o setor energético do país. Jean Paul Prates (PT-RN) será o próximo presidente da Petrobrás, enquanto Alexandre Silveira (PSD-MG) será o ministro de Minas e Energia do próximo governo, que se iniciará no dia 01 de janeiro de 2023.
Quem é Jean Paul Prates?
Economista e advogado, Jean Paul Prates possui mestrado em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pensilvânia, além de ser mestre, também, em Economia de Petróleo e Motores, pelo Instituto Francês de Petróleo.
Especialista na área de petróleo desde os anos 1980, Prates já atuou como consultor da Braspetro, do Ministério de Minas e Energia e na elaboração da Lei do Petróleo, que entrou em vigor no final dos anos 1990. Recentemente, Prates exerceu o cargo de Senador da República, tendo sido relator, por exemplo, do Projeto de Lei 1.472, que discutiu a criação de um fundo de estabilização para o preço dos combustíveis.
Ao longo do seu mandato, Prates foi crítico do Preço de Paridade de Importação (PPI). Em live realizada nas suas redes sociais, este ano, Prates chegou a dizer que, com a política de preços criada por Michel Temer (MDB), o Brasil estava jogando fora a sua autossuficiência em petróleo.
“O PPI não serve para o Brasil e não serve para país nenhum. É uma estupidez nacional, para o agro, para a indústria e para as nossas empresas aéreas”, destacou Prates.
Desde o início do processo de transição de governo, após a vitória de Lula (PT) nas eleições de outubro, Jean Paul Prates vinha coordenando o grupo técnico de Minas e Energia. Prates tem sido defensor da tese de que os preços dos combustíveis não devem ser entendidos como uma política da Petrobrás, mas uma política de governo. Além disso, o futuro presidente da Petrobrás vem admitindo a possibilidade de alteração nas regras de distribuição de dividendos da estatal.
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A indicação de Jean Paul Prates para a presidência da Petrobrás sinaliza para um maior fortalecimento da estatal, uma vez que o senador é abertamente contrário à privatização da empresa. Durante a 10ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP), realizada em maio deste ano, Prates defendeu o resgate da hegemonia da Petrobrás, afirmando que a privatização da estatal seria “uma loucura”.
Para Danilo Silva, petroleiro da base da Refinaria de Mauá (Recap) e ex-representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, a expectativa em relação à gestão de Prates é que a Petrobrás retome sua missão histórica. Silva, que também integrou a equipe de transição, espera que a Petrobrás “invista em refino, na retomada da soberania nacional e que, enquanto empresa, faça a mediação entre o estado e o povo. A gente espera que o Jean Paul possa conduzir isso”.
Para além da atividade empresarial da Petrobrás e da possível retomada do projeto desenvolvimentista, o petroleiro enxerga na questão social um fator determinante para a nova gestão da estatal.
“Que a Petrobrás seja uma empresa não só focada em dar retorno aos acionistas, mas focada em servir o povo brasileiro”
A chegada de Jean Paul Prates à presidência da Petrobrás é uma vitória dos petroleiros, que resistiram, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), às políticas implementadas pelos últimos quatro presidentes da companhia: Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna, José Mauro Ferreira Coelho e Caio Mário Paes de Andrade.
Este último, aliás, somente deixaria a presidência da Petrobrás em abril de 2023. Entretanto, Caio Mário aceitou, em dezembro, o convite de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para compor a equipe do próximo governo do Estado de São Paulo.
Alexandre Silveira no comando do ministério de Minas e Energia
Na tribuna do Senado Federal, Alexandre Silveira (PSD-MG) fez, na última quinta-feira (22), seu último discurso como senador.
A certa altura da fala, relembrando sua trajetória política, Silveira destacou: “com o apoio do grande vice-Presidente, saudoso José Alencar, minha grande referência na vida pública, fui apresentado ao presidente Lula, e assumi (…) o cargo de Diretor-Geral do DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]”.
Silveira recebeu o convite para o DNIT em 2003. Vinte anos depois, a relação política entre Lula e Silveira ganhará um novo capítulo, com o político mineiro assumindo o ministério de Minas e Energia no terceiro governo do petista.
Filiado ao PSD de Gilberto Kassab desde 2011, Silveira já vinha exercendo o cargo de coordenador do Grupo Técnico de Infraestrutura no governo de transição. Foi ele, também, o relator da chamada PEC da Transição (PEC 32/22) no Senado, um importante instrumento jurídico que viabiliza recursos extras, no Orçamento Federal, para o pagamento de benefícios como o Bolsa-Família.
Advogado e ex-delegado de polícia, Alexandre Silveira tem 52 anos e foi deputado federal e senador por Minas Gerais. Assumirá o ministério de Minas e Energia depois que a pasta foi marcada por trocas e polêmicas durante o governo Bolsonaro, especialmente sob a gestão de Adolfo Sachsida.
*Sob orientação