Petroleiros protestam na Recap contra morte de trabalhador da Petrobrás

Atos semelhantes ocorreram em diversas unidades da estatal em memória do caldeireiro José Arnaldo de Amorim

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Petroleiros também se manifestaram contra a privatização, terceirização e aumento de insegurança nas unidades da companhia (Foto: Guilherme Weimann/Sindipetro-SP)

Por Guilherme Weimann

Na manhã desta quinta-feira (24), trabalhadores da Refinaria de Capuava (Recap), localizada em Mauá (SP), realizaram ato em memória do caldeireiro terceirizado da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), José Arnaldo de Amorim, morto durante o trabalho no último sábado (19).

Durante o protesto, o coordenador do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Juliano Deptula, apontou a responsabilidade da Petrobrás no acidente.

“Eu tenho certeza que hoje as refinarias são mais perigosas do que há 10 anos, não porque há 10 anos não existia risco, mas porque atualmente existe um completo descaso em relação à segurança do trabalhador. As mortes são resultado de uma política deliberada de descaso”, afirmou.

O diretor do Sindipetro-SP e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Arthur Bob Ragusa, também fez uma relação entre o projeto estratégico da empresa e o aumento da insegurança nos locais de trabalho.

“Nos últimos anos, a Petrobrás privatizou diversas unidades, diminuiu drasticamente o número de trabalhadores próprios e colocou em prática programas de incentivo à demissão que foram responsáveis pela saída de operadores experientes, que eram importantíssimos para o funcionamento das unidades que trabalhavam”, relembrou.

Uma das consequências das privatizações é o aumento proporcional das terceirizações em setores de atividades-fim, como foi denunciado pelos três sindicatos de petroleiros de São Paulo em mobilização conjunta no ano passado.

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 81% das mortes registradas no Sistema Petrobrás foram de trabalhadores terceirizados.

Atos semelhantes foram realizados em outras unidades do Brasil. A FUP cobra avanço na investigação e melhorias na política de segurança do trabalho.

Ato na Replan

Na última terça-feira (22), diretores do Sindipetro-SP participaram de uma mobilização na Refinaria de Paulínia (Replan), organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom).

Foi realizado um minuto de silêncio e uma oração em memória à vítima.

Posteriormente, foi realizado um debate sobre a necessidade de conscientização dos trabalhadores para não cederem a pressões que possam colocar sua segurança em risco.

Presente no ato, o diretor do Sindipetro-SP, Steve Austin, denunciou a política de subnotificações de acidentes praticada pela gerência da Replan, com o propósito de mascarar os números.

Tragédia

José Arnaldo de Amorim, de 50 anos, prestava um serviço de manutenção dentro de um vaso na Reduc, no último sábado (19), quando sofreu um desmaio.

Imagens feitas por trabalhadores mostram que a provável causa do acidente foi um vazamento em uma “raquete”, que funciona como uma espécie de obstáculo para evitar vazamento de gases.

Com isso, o trabalhador teria ingerido sulfato de hidrogênio (H2S), altamente neurotóxico e inodoro em grande concentração.

O resgate, de acordo com testemunhas, demorou entre 30 e 40 minutos para chegar ao local.

O filho do José Arnaldo, Jhonatan Amorim, de 27 anos, também é trabalhador terceirizado na Reduc e presenciou toda a operação.

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