Cerca de 250 pessoas participaram de mobilização em frente a maior refinaria do país, em Paulínia (SP)

Na manhã desta quinta-feira (11), aproximadamente 250 petroleiros e apoiadores realizaram um ato em frente à Refinaria de Paulínia (Replan), no interior de São Paulo, em defesa dos direitos e da democracia e contra a privatização da Petrobrás. A atividade faz parte de um calendário nacional de mobilização aprovado pela categoria, que atualmente está em campanha reivindicatória pela aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Presente no ato, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, apontou a importância de expandir a luta dos petroleiros para toda a sociedade, além de incorporar as pautas nacionais ao dia a dia do chão de fábrica.
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“Não é à toa que este ato está sendo realizado no mesmo dia das mobilizações dos estudantes e da defesa da democracia. A campanha deste ano vem dividida em três eixos. O da defesa dos nossos direitos, a partir da negociação coletiva, que por sinal está muito difícil já que a gestão da empresa tenta nos chantagear com a data de 31 de agosto, que é quando vence o atual ACT. Outro eixo da luta é contra as privatizações, e nesse sentido eles anunciaram a retomada da venda de algumas refinarias. E, por fim, precisamos fazer a defesa total e irrestrita do presidente Lula, além das candidaturas petroleiras e progressistas”, afirmou Bacelar.
A contraofensiva da empresa, entretanto, será à altura da força dispendida pelos petroleiros. Essa é a visão a diretora do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) e da FUP, Cibele Vieira. “Não adianta a gente assinar um acordo coletivo agora, se o Bolsonaro for reeleito no fim do ano. Não dá para dissociar o acordo coletivo da luta pela democracia. Nós já rejeitamos duas propostas e estamos na véspera de receber a terceira. E a gente já está prevendo que a estratégia da Petrobrás será disputar nossas assembleias, com o objetivo de forçar a aprovação dos descontos abusivos da AMS. Quando a gente fala que tem gente ficando sem salário, é esse pessoal que está aqui hoje, são esses aposentados que estão aqui nos apoiando”, sinalizou Vieira.
Unidade
O presidente do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos e Região (Sindipetro SJC) e diretor da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Rafael Padro, ressaltou o esforço da categoria em manter a unidade.
“A gente está conseguindo manter uma campanha unificada entre as federações e todos os sindicatos em torno da luta contra a privatização e pela defesa dos direitos da categoria petroleira. É fundamental também que a gente consiga articular a luta dos petroleiros com a defesa da democracia. Não dá para a gente vir falar com a categoria petroleira e não trazer esse elemento da conjuntura, que é a ameaça real do golpismo do Bolsonaro”, opinou Prado.
O peão sabe que unidos seguimos mais fortes
O sindicalista ressaltou ainda o processo de aproximação dos três sindicatos do estado de São Paulo, que tem ganhado força desde 2016 a partir de ações conjuntas. “Na luta para que a Petrobrás volte a ser estratégica, para que a renda petroleira chegue para toda a sociedade brasileira, a unidade da categoria é fundamental. E eu acho que aqui em São Paulo a gente contribui muito, fazendo uma sinalização para o Brasil todo e atendendo, inclusive, a uma demanda da própria base. Quando a gente está na porta da Revap [Refinaria Henrique Lage] e diz que está articulado com a Replan, Recap [Refinaria de Capuava], RPBC [Refinaria Presidente Bernardes] e terminais da Transpetro, a turma atende melhor as tarefas políticas propostas. O peão sabe que unidos seguimos mais fortes”, explicou Prado.
Nesse sentido, o diretor licenciado do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP) a pré-candidato a deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Fábio Melo, destacou o marco de vinte anos da criação do Sindipetro-SP, que juntou na época três sindicatos (Campinas, Mauá e São Paulo).
“Sozinho ninguém faz nada. Hoje, estamos as duas federações. Além disso, estamos os três sindicatos do estado de São Paulo. O processo de unificação do Sindipetro-SP é muito emblemática. Um sindicato de uma refinaria só é um pouco enfraquecido, como era o caso de Mauá. Politicamente, deu muito certo, já que são 20 anos de sucesso dessa experiência. O caminho é esse. Atualmente, a categoria petroleira está sob forte ataque e a unidade é o único caminho”, apontou Melo.
Também participaram da mobilização representantes de sindicatos de outros estados do país, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, além de pré-candidatos aos parlamentos estadual e federal. No restante do dia, os petroleiros se somarão aos atos previstos em Campinas e São Paulo.