Categoria reivindica a manutenção da operação da Fafen-PR e o cumprimento de cláusulas de Acordos Coletivos de Trabalho. Movimento também quer chamar a atenção da sociedade para os efeitos negativos da política de reajustes dos combustíveis e para a venda de ativos da Petrobrás, como as refinarias
[Da Comunicação da FUP]
Petroleiros dos 13 sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) iniciam, à zero hora deste sábado (1/2), uma greve nacional por tempo indeterminado. A categoria reivindica a revisão do fechamento da Ansa/Fafen-PR e o cumprimento de cláusulas de Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) da Petrobrás e suas subsidiárias, como a Ansa.
A paralisação da Fafen-PR, anunciada pela Petrobrás em 14 de janeiro, surpreendeu a categoria. O fechamento da unidade vai provocar a demissão de 1.000 pessoas, e por isso deveria ter sido previamente negociado com os sindicatos que representam os trabalhadores da unidade, como determinado pela cláusula 26 do ACT da Ansa – o que não ocorreu.
O fechamento da Fafen-PR ainda ameaça outros 2.000 empregos nos setores de comércio e serviços no município de Araucária, onde a fábrica está instalada, e em outras cidades da região metropolitana de Curitiba. Segundo dados do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), somente Araucária vai sofrer impacto negativo de R$ 75 milhões anuais com a demissão dos trabalhadores da Fafen-PR e a perda de suas rendas. O impacto negativo anual em ICMS sobre os cofres do governo do estado do Paraná pode chegar a R$ 50 milhões.
Os petroleiros ainda reivindicam que a Petrobrás cumpra outras negociações obtidas no fechamento do ACT, em novembro, que foi mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). A empresa vem tomando decisões por conta própria e não negocia com a categoria questões como tabela de turno, banco de horas, plano de saúde e participação nos lucros, o que havia sido determinado pelo TST.
Abastecimento garantido e conscientização da população
Mesmo com a greve, os petroleiros garantem que vão manter o abastecimento de combustíveis, para não prejudicar a população. Contudo, vão aproveitar o movimento e continuar a campanha, iniciada em novembro de 2019, para conscientizar a população sobre os efeitos negativos para o bolso dos consumidores da política de reajustes de combustíveis que vem sendo mantida pela atual gestão da Petrobrás e da venda de ativos da companhia, como as refinarias.
Sob o mote “Privatização da Petrobrás: isso é da sua conta!!”, os petroleiros querem mostrar que o atrelamento do reajuste da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha ao mercado internacional e o aumento das importações desses produtos deixam o Brasil exposto a flutuações de preços no exterior. O conflito entre Irã e Estados Unidos no início deste ano é um exemplo do risco que os brasileiros correm com essa política.
Outro risco é a venda de oito refinarias da Petrobrás, que está sendo conduzida pela atual diretoria da empresa. Essas plantas, já amortizadas, são uma garantia de abastecimento e de preços justos para o mercado brasileiro, mas a Petrobrás já vem reduzindo sua utilização, de 95% para 75%. E ao contrário do que a atual gestão da Petrobrás aponta, a venda dessas unidades não vai garantir aumento da concorrência, pois gargalos logísticos vão impedir qualquer competição.
A campanha ainda chama a atenção para a desindustrialização do país que a redução dos investimentos da Petrobrás vem provocando. Os R$ 104,4 bilhões que a empresa investiu em 2013 caíram para R$ 49,4 bilhões em 2018, afetando diversos segmentos de fornecedores de bens e serviços da cadeia de óleo e gás.
Outro fator preocupante é o desemprego. Entre trabalhadores próprios e terceirizados, a Petrobrás demitiu cerca de 270 mil pessoas entre 2013 e 2018, segundo aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Isso representa um impacto sobre mais de 1 milhão de pessoas, considerando as famílias, e engrossa as altas taxas de desemprego do Brasil.