Trabalhadores retornam às atividades após 20 dias de paralisação
Por Luiz Carvalho
Os petroleiros da Refinaria Capuava (Recap), em Mauá, aprovaram em assembleia na noite desta quinta-feira (21) no auditório do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo suspender a greve após 20 dias de mobilização.
O sindicato foi o 10º da base da Federação Única dos Petroleiros (FUP) a definir pela paralisação do movimento. Trabalhadores de outros nove estados já haviam seguido a orientação do conselho deliberativo da entidade, após a desembargadora Rosalie Bacila, do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, determinar o adiamento até 6 de março da demissão dos trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Hidrogenados do Paraná (Fafen-PR).
A medida e a pressão de parlamentares do campo progressista junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) resultaram na abertura de um canal de diálogo entre a Comissão Permanente de Negociação da FUP, o próprio TST e representantes do Ministério Público do Trabalho. O primeiro encontro acontece nesta sexta-feira (21).
Considerada por muitas lideranças da categoria como a segunda maior da história – atrás apenas da paralisação de 1995, que durou 32 dias –, a mobilização vai para muito além da imediata conquista de interromper o desligamento dos mil trabalhadores da Fafen-PR, como apontou o coordenador geral da regional Mauá do Unificado, Juliano Deptula.
“A categoria conseguiu mostrar para si mesmo que tem capacidade de se organizar e fazer o enfrentamento em defesa do acordo coletivo de trabalho. E é uma grande derrota para o governo que elege trabalhadores como inimigos. Com essa greve, nós conseguimos, numa só tacada, emplacar a pauta da categoria, o debate sobre a política de preços do gás de cozinha e sobre a política adotada pela Petrobrás que atrela o preço do combustível ao mercado internacional, ao barril de petróleo e ao dólar. Além de levarmos novamente ao parlamento o debate sobre privatizações”, elencou.
Em sua intervenção, o dirigente ressaltou ainda que a greve começa a partir do desrespeito da empresa ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que prevê a necessidade de negociação com o sindicato antes de qualquer demissão.
A postura da companhia, aliada à tentativa de impor uma nova tabela de turno ininterrupto aos trabalhadores – outra afronta ao ACT – e à intransigência para abrir um canal de negociação exemplificam a postura que o governo adota pela classe trabalhadora e ajudou a unificar segmentos progressistas em apoio aos petroleiros, avaliaram dirigentes e petroleiros da base em intervenções durante a assembleia.
Diretor do sindicato Auzelio Alves fez questão de sublinhar que não se trata de um ponto final, mas de uma pausa e que a categoria está pronta para cruzar os braços novamente, caso não ocorram avanços na negociação que começa nesta sexta-feira (21), no Tribunal
“Vamos protocolar agora nossa decisão na empresa e iremos dialogar com os trabalhadores dos turnos que chegarem para que a entrada seja de todos os grevistas juntos. E o sindicato estaremos lá na recepção e todos que participaram da assembleia estarão lá para fechar os 20 dias dessa grande greve nacional vitoriosa”, disse.