Petrobrás recua e retira desconto de licença-maternidade do RVE

 

após fala infeliz de gerente executivo, petrobrás recua e anuncia inclusão da licença no cálculo da Remuneração

Por Norian Segatto

A RVE (Remuneração Variável do Empregado) traz em seu conceito uma série de distorções, uma delas é em relação à Participação nos Lucros e Resultados. No regramento da PLR foi acordado que a maior remuneração não pode ultrapassar a 2,5 vezes o valor da menor, medida adotada para não gerar grandes distorções. A RVE não possui esse teto, assim, não é incomum alguns bônus serem quase 20 vezes maior do que outros.

Quando dirigentes do Unificado criticam a dita meritocracia como sistema prevalecente de avaliação, algumas pessoas torcem o nariz, como se houvesse um embate entre bons e maus funcionários. A RVE torna-se um exemplo vivo de que regras e metas atreladas a avaliações subjetivas de gerentes criam muito mais distorções do que justiça.

Uma mostra disso foi a recente conferência do gerente executivo interino do Compartilhado, Jairo para “explicar” a RVE. Durante sua fala, para justificar o desconto de dias não trabalhados no cálculo da RVE, ele fez a seguinte observação: [tem trabalhador] “que vive apresentando atestado, você sabe que o cara é armador, o famoso atestado Bombril e você fica assim, caramba, fica se sentindo injustiçado porque aquele cara que é armador, que vive faltando, recebe o mesmo que você”.

É isso mesmo que você acabou de ler, o gerente executivo afirma que tem trabalhador malandro e por isso não irá receber o que a tal “meritocracia” estabelece. A primeira questão a se analisar é perguntar qual é a competência desse gerente ou qualquer outro executivo da empresa para definir se um atestado é fake – isso só pode ocorrer a partir de uma análise subjetiva que, de imediato, ataca dois profissionais, o petroleiro/a e o médico que validou o atestado. Conforme se fez entender, apenas afastamento por doença ocupacional ou acidente de trabalho com CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) serão válidos. Viroses, dores crônicas e crises emocionais que acometem vários petroleiras e petroleiros devem se encaixar nessa ideia preconceituosa de atestado Bombril.

A partir de critérios tão díspares, que ficam à mercê da percepção “clínica” do gerente, cabe perguntar onde se encaixa a tal meritocracia – ou será que ela passa a ser substituída pela “cupinchocracia”?  Seria a RVE a nova face do famigerado surbônus tentado pela empresa anos atrás?

 

Petrobrás reconhece erro

Nem mesmo a licença-maternidade tinha escapado do desconto na RVE. Essa interpretação trazia em si o mesmo conceito misógino de Bolsonaro, que já afirmou que mulher deveria ganhar menos do que homem porque engravida. Aqui no caso, as mulheres devem ser penalizadas na RVE porque tiram licença maternidade.

O absurdo é tão flagrante que a própria Petrobrás reconheceu e encaminhou uma mensagem na noite da sexta-feira, 21, anunciando a mudança no critério de avaliação.

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