Além de afetar consumidores de gás canalizado, reajuste também impactará no preço da energia elétrica e de diversos produtos industrializados
Por Guilherme Weimann
Na última segunda-feira (5), a Petrobrás anunciou que irá elevar o preço do gás natural em 39% a partir do dia 1º de maio. Seguindo a lógica do preço de paridade de importação (PPI), a companhia justifica o reajuste à valorização do barril de petróleo no mercado internacional, à alta do dólar e ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que acumula alta de 31% nos últimos 12 meses e está associado às taxas cobradas pelo transporte.
Esse era o único derivado de petróleo que ainda não havia sido reajustado em 2021. No acumulado do ano, a estatal já aumentou a gasolina em 46,2%, o diesel em 41,6% e o gás liquefeito de petróleo (GLP) em 22,8%.
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Existe uma confusão recorrente, seja entre a população ou mesmo em reportagens veiculadas na imprensa, que mescla o gás natural ao GLP, mais conhecido como gás de cozinha. Mas essas duas matérias-primas são produzidas de formas diferentes e utilizadas para fins diversos.
O gás natural, constituído principalmente por metano, é produzido no Brasil integralmente nas Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs), todas de propriedade da Petrobrás. Nelas, também é feito o gás de cozinha (GLP), mas em menor quantidade. A maior parte desse insumo vendido em botijões é processada nas refinarias, atualmente também controladas majoritariamente pela Petrobrás.
Impacto aos consumidores
De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, 91% das famílias fazem uso do gás de cozinha, enquanto apenas 8% utilizam gás encanado. Das famílias que possuem gás encanado em suas casas, 91% estão concentradas na região Sudeste.
Entretanto, não serão apenas essas famílias que sentirão o impacto dos reajustes anunciados pela Petrobrás. Isso porque, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), as residências representam apenas 2% do consumo de gás natural no país.
Os setores que mais usufruem do derivado é a indústria (43%) – principalmente os segmentos de fertilizantes, siderurgia, vidro, papel e celulose, química, cerâmica, cimento e alumínio –, a geração de energia elétrica (38%) e os veículos movidos a gás (9%).
Por isso, o aumento definido pela Petrobrás deverá ter um efeito cascata no preço da energia elétrica, no transporte e em dezenas de produtos industrializados, o que deverá ser sentido na inflação.