Em plena crise, empresa segue cartilha de Bolsonaro de usar tragédia para enfrentamento político
Por Luiz Carvalho
Os trabalhadores da Petrobrás procuraram diretores do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo para informar que a empresa tem utilizado a pandemia de coronavírus para indicar que a homologação seja feita com a própria empregadora.
No informe, a companhia aponta que “as homologações presenciais estão temporariamente suspensas e não há previsão de novos agendamentos. Esta medida visa atender à recomendação do Ministério da Saúde de evitar a circulação de pessoas nas ruas. Caso deseje, podemos enviar para seu e-mail um link de acesso à nossa plataforma digital que contém todos os documentos da sua rescisão.”
A aparente boa vontade pode resultar, na prática, em prejuízo ao trabalhador. Desde a reforma trabalhista, que contou com o apoio do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deixou de ser obrigatória a realização das homologações nos sindicatos.
Com isso, muitos trabalhadores e trabalhadoras podem deixar de receber verbas rescisórias às quais teriam direito por desconhecerem o cálculo e os pagamentos que devem ser feitos após a demissão. A presença de um representante do sindicato neste momento garante que o pagamento ocorra conforme deve ser feito.
Apesar de suspender as atividades em suas regionais, o Unificado segue à disposição da categoria para todas as necessidades, inclusive as homologações e, conforme aponta o coordenador da regional Campinas, Gustavo Marsaioli, a comunicação com a base segue da mesma maneira.
“Esse é um período em que devemos estar muito atentos para que tentativas da empresa de burlar direitos e prejudicar trabalhadores não sejam colocados em prática. Essa medida mostra do que a direção da Petrobrás é capaz sob o governo do Bolsonaro, alguém que usas a crise para tentar tirar vantagem política”, critica o dirigente.