Petrobrás fechou seis mil postos de trabalho em 2020

Por meio de privatizações, hibernações, Plano de Demissão Voluntária e aposentadorias, a estatal reduziu em 10,4% seu quadro de funcionários no ano passado

Durante a greve de fevereiro de 2020, trabalhadores da Fafen queimam comunicados de demissão (Foto: Gibran Mendes/CUT-PR)

Por Guilherme Weimann

Dados divulgados nesta segunda-feira (25) pelo Poder360, obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram que a Petrobrás terminou o ano de 2020 com 52 mil trabalhadores, incluindo as empresas subsidiárias e empregados alocados no exterior. Esse número – o menor de um levantamento que traz estatísticas dos últimos 12 anos –, representa uma diminuição de 10,4% em comparação a 2019.

Se comparado ao ano de 2013, quando o quadro de funcionários da empresa chegou ao ápice, a queda é de 39,7%. Na época, a estatal empregava 86.108 trabalhadores próprios – quantidade similar ao total de terceirizados que estavam na empresa no final no ano passado, que era de 90,5 mil. Em 2019, havia 99,2 mil terceirizados.

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O fechamento desses postos de trabalho ocorreu por meio de uma série de privatizações e hibernações, previstas no plano de desinvestimento. Com isso, houve transferências de petroleiros para outras unidades e desligamentos por meio do Plano de Demissão Voluntário (PDV), que representou a saída de 4.816 empregados.

Além disso, outras vagas foram extintas pelas aposentadorias que ocorreram no período, e que não foram repostas. O último concurso realizado pela estatal foi realizado em 2018.

Novos cortes

No início deste ano, o PDV 2019 foi reaberto após seis meses suspenso. Ele é destinado a funcionários que recebem aposentadoria pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), cujo benefício tenha iniciado até 12 de novembro de 2019.

Apenas em 2020, mais de 10 mil trabalhadores se inscreveram no programa, o que corresponde a cerca de 20% dos petroleiros da empresa. De acordo com o diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), essa diminuição tem resultado em uma falta de efetivo mínimo para operar as unidades.

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“A empresa não explica para a gente como vai suprir essa falta de efetivo. Não está conseguindo dar conta dos prazos para qualificar os trabalhadores que mudaram de função. Por conta do concurso público, os funcionários não podem ser demitidos, por isso a Petrobrás utiliza alternativas para desligamentos e busca reduzir o efetivo com aposentadorias e programas de desligamento, enquanto tenta sanar a falta de trabalhadores, de maneira falha, com alternativas como o Mobiliza”, afirma Marsaioli.

Como alternativa para suprir a falta de trabalhadores em determinadas funções, a Petrobras implementou um novo Plano de Carreiras e Remuneração – o chamado “Mobiliza Contínuo”, que promove a intermediação para mudança de funções dentro da empresa ou transferência de unidades de trabalho. Contudo, a reclamação é que além da pouca transparência, o programa da estatal não consegue qualificar os trabalhadores no tempo necessário.

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