Especialista explica que as consequências da nova cepa da covid-19 nos preços do petróleo ainda são incertos e dependem de medidas restritivas e da reação da Opep
Por Andreza de Oliveira
De origem europeia, a nova variante da covid-19, batizada Ômicron, foi reconhecida no fim de novembro como uma potencial ameaça que poderia gerar uma nova onda da pandemia. Sem informações detalhadas sobre a resposta imunológica das vacinas para essa cepa, no cenário internacional o preço do petróleo sentiu impactos com a divulgação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Após a reunião dos países que integram a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), ocorrida na última semana, apesar dos preços dos barris do tipo Brent e WTI apresentarem alta de mais de 1%, os participantes estavam em alerta devido às incertezas da variante ômicron.
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Para a pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Carla Ferreira, ainda é cedo para afirmar se pode ou não haver reduções nos preços dos combustíveis em decorrência da nova variante. “Depende de alguns fatores, como o grau de contaminação, resposta imunológica das vacinas, ainda é um cenário muito especulativo e de pouca firmeza das informações”, explica.
De acordo com ela, os produtores da commodity estão pouco propensos a aceitar uma redução no valor do produto, como ocorreu na primeira onda da doença, em 2020. “Se houver essa queda no preço do petróleo, provavelmente será em decorrência de medidas de isolamento e mobilidade, o que diminuiria o consumo, mas precisamos de mais algumas semanas para entender o impacto dessa variante e se esse processo afetará os preços”.
Comparação com as ondas anteriores
No primeiro semestre de 2020, em meio a primeira onda da doença, o impacto da pandemia sobre os preços dos combustíveis foi inevitável. “Os preços estavam mais baixos porque houve lockdown e fechamento de fronteiras, então teve uma queda muito significativa tanto na demanda de combustíveis para carro quanto para aeronaves”, afirma Ferreira.
Já durante a segunda onda, no início de 2021, o mercado internacional reagiu diferente. Com a Europa e América do Norte vacinando suas populações ainda em dezembro, essas regiões não sentiram tanto a alta. Já no Brasil o impacto foi mais forte por conta do atraso na vacinação e desvalorização do câmbio.
Como fica o Brasil?
Alinhado ao mercado internacional por conta do Preço de Paridade de Importação (PPI), o valor do combustível no Brasil ainda não sentiu os impactos da variante Ômicron e continua em alta. Segundo Ferreira, nesse momento, a possível queda nos preços dos combustíveis depende das decisões de aumento ou diminuição de oferta da Opep com base nos desdobramentos sobre o contágio e agressividade dessa nova variante.
Além disso, no Brasil, devido à desvalorização do câmbio, existe uma expectativa de crise mais acentuada. “Isso contribui para o aumento do preço interno, então também precisamos esperar para saber como os governos irão reagir com possíveis restrições e lockdowns”, conclui a cientista.