Presidente interino da companhia, Jean Paul Prates se reuniu com representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP)
Por Guilherme Weimann
No dia 26 de janeiro, poucas horas após assumir interinamente a presidência da Petrobrás, o advogado Jean Paul Prates gravou um vídeo que foi distribuído em todas as plataformas internas e externas da companhia.
Na mensagem, o novo comandante se dirigiu diretamente aos trabalhadores – uma escolha simbólica, principalmente se colocada em perspectiva. Nas últimas gestões, os principais interlocutores eram, via de regra, os acionistas privados da empresa.
Se esta empresa está aqui hoje, com tantos feitos e conquistas, esse mérito é de vocês [trabalhadores]
“Quero antes de tudo cumprimentar e saudar todos os trabalhadores e trabalhadoras que me assistem e, em especial, a cada um e a cada uma que está neste momento tocando o negócio da companhia […]. Se esta empresa está aqui hoje, com tantos feitos e conquistas, esse mérito é de vocês”, afirmou Prates, em um dos trechos da gravação.
Esse foi o prenúncio do que seria a primeira agenda oficial de Prates à frente da maior empresa de economia mista do país. No dia seguinte à sua nomeação, o ex-senador se reuniu com dezenas de diretores sindicais da Federação Única dos Petroleiros (FUP) na sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro.
Nós convivemos com uma política de terror, que impactou inclusive a saúde mental de muitos de nós
“Nós convivemos nos últimos anos com gestões que não apenas atacaram os direitos da categoria, como negavam a própria existência do movimento sindical. Nós convivemos com uma política de terror, que impactou inclusive a saúde mental de muitos de nós. Por isso, esse gesto do Jean Paul é muito simbólico”, aponta a diretora do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) e da FUP, Cibele Vieira, que esteve presente na reunião.
Sinalizações
No encontro, os representantes dos petroleiros apontaram tanto a visão estratégica da categoria em relação aos rumos da empresa, como também as pautas corporativas – que sofreram diversas perdas nos últimos anos.
“A FUP levou sua visão em relação à Petrobrás, que está relacionada principalmente ao retorno dos investimentos, a paralisação das vendas e a retomada dos ativos privatizados”, elenca Vieira.
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No que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, as principais reivindicações apresentadas foram a paralisação dos descontos abusivos da AMS; a modificação da política de remuneração variável (PLR x PPP); a resolução dos problemas causados pela mudança no Plano de Cargos (PCAC x PCR); a discussão e implementação de uma política específica para o Teletrabalho; promoção da diversidade; melhoria nas questões que envolvem a segurança no trabalho; e a recomposição do efetivo por meio de concursos públicos.
Todos esses pontos são resultados de políticas das últimas gestões da Petrobrás. Entre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2015 e o ACT de 2020, foram retiradas 80 cláusulas que garantiam uma série de direitos aos trabalhadores. Além disso, a categoria acumula desde então perdas salariais de 3,8%, além da redução de 20 mil petroleiros por meio de Planos de Demissão Voluntários.
Na reunião, Prates se comprometeu a analisar todas as pautas e manter um diálogo permanente com os sindicatos. Além disso, apontou alguns caminhos que pretende trilhar na sua gestão, incluindo a retomada de investimentos no Norte e no Nordeste e a intensificação da transição energética.