Mobilizações acontecem no próximo sábado em todas as regiões do país; especialista alerta para importância dos atos

Por Odara Monteiro, sob supervisão
Construir uma alternativa política por meio das lutas sempre foi a escolha dos oprimidos como método de transformação e, com os sinais cada vez mais claros do enfraquecimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a próxima grande mobilização de oposição ao atual governo, está prevista para ocorrer no próximo sábado (2).
Em meio ao colapso sanitário e hospitalar, frente à iminência de apagões ao redor do país e enfrentando a pior crise hídrica em 91 anos, o Brasil alcançou a marca de 595 mil mortos vítimas da covid-19. Apesar disso, o governo do presidente Jair Bolsonaro ainda conta com um núcleo de apoio significativo que segue mobilizado – vide as “motociadas” e as manifestações do dia 7 de setembro deste ano – e preserva o suporte de grande parte dos agentes do mercado nacional e internacional.
Provando-se, por vezes, mais letal do que o próprio vírus, o chefe do Executivo vem apresentando sinais de enfraquecimento perante a opinião pública, dando mais força ao debate sobre a importância de mobilizações massivas como forma de resistência. Por isso, diante da tragédia vivida pelo país cada vez mais destroçado, é de se esperar que a população esteja desacreditada e hesite em se juntar às multidões.
Afinal, adianta ocupar as ruas?
Para o cientista político Vitor Barletta, da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, é preciso que exista um direcionamento claro por trás dessas manifestações, para que, assim, a população consiga se identificar com a causa. Como exemplo, o docente cita os protestos de junho de 2013, que mobilizaram mais de 500 cidades brasileiras e culminou, em 2016, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“Se for só uma ida às ruas, sem um propósito transformador, de fato não vai adiantar muita coisa. Você só tomar as ruas por tomar, sem uma clareza do que aquele movimento vai atingir, pode acabar saindo pela culatra. Podemos pensar nas manifestações de 2013 como exemplo: você tinha ali uma série de bandeiras genéricas nas ruas, levantadas por grupos variados. Quem se beneficiou daquilo foram os inimigos do governo, o grupo principal que cresceu com aquilo foi justamente o grupo bolsonarista”, completa.
Contudo, Barletta defende veemente o poder dos atos de rua e não vê outra via possível senão as manifestações populares para que as engrenagens da mudança comecem a girar. “É necessário que a população tome as avenidas e as praças, sem esse tipo de mobilização, não há comoção parlamentar”, afirma o sociólogo.
Leia também: Criminalização da luta antifascismo é estratégia para frear atos contra Bolsonaro
De acordo com Barletta, todas as transformações históricas e mudanças de regime vieram acompanhadas de grandes agitações sociais e momentos de convulsão de diversos tipos, ele ainda enfatiza o poder estratégico do universo virtual, mas salienta que somente ele não é capaz de provocar o tipo de reação que a tomada das ruas, historicamente, provoca.
O fator rua é essencial. Os políticos e parlamentares, especialmente aqueles que são fisiologistas, como os do Centrão, agem com base em interesses imediatos, o que os torna extremamente sensíveis à pressão popular e ao risco de perder uma possível reeleição. Apesar de todo o risco que isso [atos de rua] pode implicar em virtude da crise sanitária, acredito que os tensionamentos aos quais nós chegamos, acabam determinando que se saia, sim, às ruas. Com segurança, máscara e com o distanciamento social que for possível, mas é um caminho inevitável e absolutamente necessário
Para que atinja a opinião pública, Barletta argumenta sobre a importância de que as manifestações cresçam e tomem um volume cada vez maior, mas alerta sobre o perigo de que as bandeiras se percam em meio às reivindicações. “Se nós queremos causar impacto na opinião pública, naqueles que não estão indo às ruas, é preciso que o debate alcance os desacreditados, a partir disso, você ganha força para botar a sua reivindicação em marcha, mas é necessário que as bandeiras sejam muito claras, e que dialoguem diretamente com os setores que estão sofrendo com esse governo”, informa.
Campanha ‘Fora Bolsonaro’
Com a volta do Brasil ao mapa da fome e a taxa de desemprego atingindo mais de 14 milhões de brasileiros, este será o sexto grande ato, este ano, que pede pelo impeachment do atual presidente. A Campanha Fora Bolsonaro, que reúne centrais sindicais, partidos de oposição e as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, confirmou manifestações em todas as regiões do país. O ato, que acontecerá no dia 02 de outubro, marca a continuidade da pressão contra o governo de Jair Bolsonaro.
A coordenação da campanha pede para que todos os manifestantes compareçam fazendo uso de máscara (e que, se possível, levem mais de uma), álcool em gel e mantenham o distanciamento social durante a passeata. Em caso de qualquer sintoma como febre, tosse ou dores de garganta, a recomendação é para que o cidadão fique em casa.
Aos petroleiros que participarão do ato, o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP) sugere o uso da farda laranja para mostrar o apoio da categoria às manifestações contra o atual governo.
De norte a sul do país, mais de 206 cidades e 15 países já tem programação confirmada para este sábado, confira abaixo:
Atos nacionais
Norte
AM – Manaus – Caminhada Praça da Saudade | 15h
PA – Bragança – Praça das Bandeiras | 8h
PA – Belém – Caminhada São Brás | 8h
PA – Sousa – Ato Político Cultural | 20h30 (Aguardando Infos)
RO – Porto Velho – Praça das 3 Caixas D’Água | 15h
RR – Boa Vista – Centro Cívico de Boa Vista | 9h
Nordeste
AL – Arapiraca – Praça da Prefeitura | 9h
AL – Maceió – Praça Centenário | 9h
BA – Irecê – Praça do DERMIR | 8h30
BA – Itabuna – Jardim do Ó – Centro | 09h
BA – Salvador – Campo Grande | 9h
CE – Fortaleza – Praça da Bandeira | 8h
CE – Viçosa do Ceará – Centro (STTR) | 8h
MA – Imperatriz – Praça de Fátima | 16h30
PB – João Pessoa – Carreata Praça da Independência | 9h
PB – João Pessoa – Caminhada Liceu Paraibano | 9h
PE – Recife – Praça de Casa Forte | 17h30 (Ato 30/09)
PE – Recife – Praça do Derby | 10h
PI – Parnaíba – Praça da Graça – 8h
PI – Teresina – Praça Rio Branco | 9h
RN – Natal – Midway | 15h
SE – Aracaju – Bar da Draga, Coroa do Meio/Aju | 14h30
Centro-Oeste
DF – Brasília – Museu Nacional | 15h30
GO – Formosa – Praça Rui Barbosa | 16h
GO – Goiânia – Ato Político e Cultural Praça do Centenário | 8h
MS – Campo Grande – Praça do Rádio | 9h
MT – Cuiabá – Praça Alencastro | 15h
TO – Palmas – Avenida JK | 8h30
Sudeste
ES – Vitória – Bicicletada Caminhada, Carreata e Motoata na UFES | 14h
MG – Barbacena – Pontilhão | 10h
MG – Belo Horizonte – Praça da Liberdade | 15h30
MG – Três Pontas | 15h (Aguardando Infos)
MG – Uberlândia – Praça Ismene Mendes | 9h30
SP – Araçatuba – Praça João Pessoa | 10h
SP – Campinas – Largo do Rosário | 9h
SP – Embu das Artes – Praça das Artes | 10h
SP – Ilhabela – Praça da Mangueira | 15h
SP – Pindamonhangaba – Praça 7 de setembro | 14h
SP – Piracicaba – Terminal de ônibus – Central de Integração | 9h
SP – Ribeirão Preto – Esquenta na Estação de Trem Rumo a SP | 13h
SP – Santa Cruz do Rio Pardo – Em frente à Igreja de São Benedito | 13h30
SP – Santos – Sambódromo da Av. Afonso Schmidt | 10h
SP – São Paulo – MASP | 13h
SP – Taubaté – Esquenta na Antiga Praça da Eletro (Praça Monsenhor Silva Barros) | 10h
RJ – Rio de Janeiro – 10h – Candelária
RJ – Rio de Janeiro – Ato Palco da Democracia e pela Vida na Cinelândia | 12h
RJ – Angra dos Reis: 9h – Praça do Papão
RJ – Cabo Frio: 10 horas na Praça Porto Rocha
RJ – Campos: 9h Praça São Salvador
RJ – Macaé: 9h Praça Veríssimo de Melo
RJ – Nova Friburgo: 14 horas – Praça Dermeval Barbosa Moreira
RJ – Petrópolis 11h Praça da Inconfidência
RJ – Resende: 10h Mercado Popular
RJ – Rio das Ostras: 9h PSF do Âncora
RJ – Teresópolis: 9h EM Sakurá (carreata) / 10h Casa de Cultura Fátima (ato cultural)
RJ – Valença: 10h – Grade da Catedral Centro
RJ – Volta Redonda – 09:00h Bairro Retiro
Sul
PR – Cascavel – em frente a Catedral | 9h
PR – Cornélio Procópio – Praça Brasil | 14h
PR – Curitiba – Praça UFPR | 16h
PR – Foz do Iguaçu – Caminhada Praça da Paz | 15h
PR – Foz do Iguaçu – Ato Político Praça da Paz | 18h
PR – Londrina – Calçadão em frente ao Ouro Verde | 15h
PR – Maringá – Praça Raposo Tavares | 15h
SC – Criciúma – Rua da Arquibancada Parque das Nações | 9h30
SC – Florianópolis – Praça da Alfândega | 14h
SC – Blumenau: Praça do Teatro Carlos Gomes |10h
SC – Caçador: Largo Caçanjurê |10h
SC – Criciúma: Rua da Arquibancada – Parque das Nações |9h30
SC – Chapecó: Praça Central | 9h30
SC – Joinville – Praça da Bandeira | 10h
SC – Lages – Praça do Antídio – 10h
SC – Penha – Av. Alfredo Brunetti | 8h
SC – Timbó – Praça Frederico Donner (Em frente a Thapyoka) | 10h
RS – Cachoeirinha – (Aguardando Infos)
RS – Camaquã – Esquina Democrática | 9h30
RS – Lajeado – Parque do Dick – (Aguardando Infos)
RS – Pelotas – Mercado Público | 10h30
RS – Porto Alegre – Largo Glênio Peres | 14h
RS – Santa Maria – Pça. Saldanha Marinho | 14h
Atos no Exterior
Alemanha – Berlim – Pariser Platz, próximo ao Brandemburger Tor | 14h30 (horário local)
Alemanha – Colônia – (Aguardando Infos)
Alemanha – Frankfurt – Römer | 16h às 17h30 (horário local)
Alemanha – Freiburg – Passeata Praça Europa (Europaplatz) até Praça da antiga Sinagoga (Platz der alten Synagoge) no centro de Freiburg | 14h (horário local)
Argentina – Buenos Aires – (Aguardando Infos)
Canadá – Vancouver – (Aguardando Infos)
EUA – Sul da Flórida – (Aguardando Infos)
EUA – Nova York: Stop Bolsonaro/Fora Bolsonaro às 16h, hora local, na Washington Square , Manhattan (no final da Women’ s March)
Espanha – Madrid | 18h (horário local)
Espanha – Sevilha – Setas de Seville | 12h (horário local)
França – Paris – (Aguardando Infos)
Inglaterra – Londres – (Aguardando Infos)
Itália – Roma – Habicura Piazzale del Verano | 20h (horário local) (Ato 03/10)
Porto Rico – San Juan – (Aguardando Infos)
Portugal – Braga – Praça da República, em frente ao chafariz | 18h (horário local)
Portugal – Lisboa – Praça D. Pedro IV (Rossio) | 17h (horário local)
Portugal – Lisboa – Largo do Camões | 18h (horário local)