Nas primeiras semanas de janeiro, uma das unidades de Destilação da Replan operou com apenas um forno atmosférico, devido à manutenção dos equipamentos, mantendo a carga máxima. Em vez de diminuir o volume processado na U-200A, atendendo ao procedimento e range dos instrumentos de vazão, a gerência manteve a carga a todo vapor, colocando em risco a unidade e os trabalhadores.
A Destilação opera normalmente com dois fornos atmosféricos, que dividem o volume processado. Com a manutenção, realizada de forma alternada, apenas um forno foi mantido em operação. Para evitar a sobrecarga do equipamento, os trabalhadores esperavam que parte do processamento fosse desviada para a outra unidade, que funcionava plenamente.
Os operadores ainda tentaram argumentar com o gerente, que preferiu manter toda a carga na unidade em manutenção, fazendo com que o forno em funcionamento ficasse acima do range dos instrumentos de vazão. A instrução dada foi para que os trabalhadores utilizassem a temperatura de saída do forno como parâmetro para o controle de vazão. O problema é que o sistema é suscetível a falhas e sem uma redundância. Como confiar no termopar, se frequentemente ele apresenta erro de leitura ou transmissão? Aliás, é muito comum que vários instrumentos importantes da refinaria apresentem falhas em épocas de chuva.
A instrução da gerência trouxe insegurança aos trabalhadores da unidade, com receio de que pudesse acontecer uma tragédia, como a ocorrida na Refinaria BP, no Texas (EUA), em 2005, quando componentes da gasolina foram liberados de uma torre de refino, deixando 170 trabalhadores feridos e 15 mortos.