Dicas culturais
Alberico Queiróz,da UTE LCP |Livro | “Germinal”, romance de Émile Zola que retrata a lógica patronal no início do capitalismo industrial.
Carla Cristina Moratori, do Laboratório da Replan | Música | Ana e o Mar”, do grupo Teatro Mágico, é pura poesia para acalentar a alma.
Marcelo Pinheiro Muniz, da Replan | Filme | “Kardec”, do diretor Wagner de Assis, biografia do educador francês Hypolite Leon Denizard Rivail, o Allan Kardec.
Exposição
A febre do ouro
Texto e fotos Norian Segatto
Antes de o consagrado fotógrafo Sebastião Salgado imortalizar o formigueiro humano em Serra Pelada, em 1986, outro clicador, Juca Martins, já havia estado na serra paraense, em 1980, registrando as impressionantes imagens do maior garimpo a céu aberto do planeta.
Segundo o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará, a Serra Pelada começou a ser ocupada em 1978 com uma atividade garimpeira artesanal, em um projeto do Ministério de Minas e Energias. Quando a notícia de que na região havia imensas jazidas de ouro ocorreu uma invasão de pessoas de todo o país em busca de enriquecimento. O local chegou a ter 120 mil garimpeiros, que disputavam com o suor e risco de vida diários por uma pepita do precioso metal.
Juca Martins é um dos mais importantes nomes do fotojornalismo brasileiro, foi um dos criadores da famosa agência F4. Ele conta que chegou ao Pará para cobrir a história de Raimundo Ferreira Lima, líder sindical assassinado em 19 de maio de 1980. Lá, enquanto fazia a reportagem fotográfica, ouviu falar de Serra Pelada, precisou pedir permissão para o major Curió, que controlava o acesso à região, mandou vir de São Paulo novos rolos de filmes e se embrenhou naquele labirinto humano. Foi o primeiro fotógrafo a registrar a febre do ouro que acometeu o Norte do país e fez a riqueza de alguns e a desgraça de muitos.
Serviço
A febre do ouro – exposição de fotos de Juca Martins
Galeria Utópica – Rua Rodésio, 26, Vila Madalena
De Terça a Sexta, das 11h às 19h.
Sábado de 11h às 17h
Até 19 de agosto
Esporte
VAR é coito interrompido
Poetas, comentaristas esportivos e especialistas de boteco já disseram que a sensação de um gol equivale a um orgasmo. Quem já esteve em um estádio cheio, vendo o atacante de seu time entrar na área, sentindo a galera conter a respiração no instante preciso do chute e soltar a plenos pulmões o grito de alegria sabe do que estou falando.
Mas, na era dos mil olhos, essa explosão catártica fica presa na garganta, à espera, por vezes por longos minutos, de uma comunicação entre o juiz e uma sala de vídeo, da análise de um detalhe, de uma tecnicidade alheia à emoção humana.
O VAR (Video Assistant Referee, em inglês), árbitro assistente de vídeo, veio para minimizar erros em uma partida. Isso é saudável. E veio, também, para conter a emoção de um esporte que se torna a cada dia mais distante do torcedor. Assim como a seleção brasileira é, ano a ano, o retrato da mercantilização do futebol, os filhos e filhas da pátria de chuteiras vão sendo obrigados a segurar o momento da explosão do gol, à espera da anuência de uma telinha.