Em entrevista ao Sindipetro-SP, o candidato ao Conselho Deliberativo, Rafael Crespo, destrincha as principais propostas da chapa “Juntos pela Petros”
Por Guilherme Weimann
Participantes da ativa, aposentados e pensionistas têm até o próximo dia 28 para escolherem seus representantes nos conselhos Deliberativo e Fiscal da Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros).
Em entrevista ao Sindipetro-SP, o candidato titular ao Conselho Deliberativo (CD) pela chapa “Juntos pela Petros”, Rafael Crespo, que também é diretor do Sindipetro-NF e representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) na Comissão da Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS), explica o que está em jogo nesta votação.
“Nesta eleição, precisaremos estar muito atentos na hora da votação, principalmente pelo movimento feito pela atual gestão da empresa em colocar gerentes para disputar a vaga dos trabalhadores e, assim, anular qualquer possibilidade de rejeição das propostas que virão do atual governo”, opina.
O petroleiro aponta que, caso seja eleito, sua gestão no CD da Petros focará em minimizar os descontos dos equacionamentos que têm retirado parte significativa da renda dos aposentados e pensionistas.
“O que mais aflige os aposentados e pensionistas da Petrobrás atualmente são os descontos que estão acabando com a sua renda mensal. É necessário encontrar alternativas que diminuam esse ataque aos bolsos”, afirma.
Confira a entrevista na íntegra:
Quais são as responsabilidades específicas do Conselho Deliberativo? O que está em jogo nessa eleição?
O Conselho Deliberativo é o órgão máximo da Petros, é ele que aprova ou rejeita as políticas da Fundação, como a de investimentos e as premissas atuariais, como também aprova ou rejeita os diretores e as alterações nos regulamentos dos Planos.
Nesta eleição, precisaremos estar muito atentos na hora da votação, principalmente pelo movimento feito pela atual gestão da empresa em colocar gerentes para disputar a vaga dos trabalhadores e, assim, anular qualquer possibilidade de rejeição das propostas que virão do atual governo.
O país e a Petrobrás, consequentemente, estão sendo geridos por uma ideologia extremamente conservadora nos costumes e liberal no plano econômico. Quais foram os impactos do conservadorismo para os petroleiros e quais são os princípios e valores que a chapa “Juntos pela Petros” pretende imprimir na sua gestão diante dessa conjuntura, caso seja eleita?
Os participantes e assistidos têm sentido na pele essa alteração. São os atendimentos que são insuficientes e finalizados sem o devido tratamento; os descontos abusivos nos quais não são respeitadas as margens máximas de desconto, fazendo com que tenhamos que entrar na Justiça para ter o nosso direito respeitado; entre outros exemplos do que precisa mudar.
No Conselho Deliberativo, cobraremos da nossa Fundação o respeito a todos aqueles que mensalmente colocam parte do seu dinheiro para a Petros administrar e que ela tenha transparência.
Quais são as principais propostas da chapa “Juntos pela Petros” para os Planos Petros do Sistema Petrobrás?
O que mais aflige os aposentados e pensionistas da Petrobrás atualmente são os descontos que estão acabando com a sua renda mensal. É necessário encontrar alternativas que diminuam esse ataque aos bolsos.
Também defenderemos a implantação do Portal da Transparência, que engatinhou em gestões passadas e atualmente foi tirado do ar. Todos nós temos o direito de saber onde está sendo gasto o nosso dinheiro e onde está sendo investido.
Na comunicação, é preciso uma reformulação que faça com que quem procure um atendimento saia com a sua demanda resolvida e não com um ‘vamos ver’.
Uma das propostas, especificamente, é utilizar os superávits anuais de cada um dos planos para reduzir as contribuições extraordinárias de equacionamento de déficits, o que aumentaria a renda dos assistidos. Como vocês pretendem implementar essa proposta?
Essa proposta tem duas vertentes, uma externa e uma interna. Externamente precisaremos atuar junto à ANAPAR [Associação Nacional dos Participantes de Previdência Complementar e Autogestão em Saúde], que representa os participantes no CNPC [Conselho Nacional de Previdência Complementar], para realizar alterações na Resolução nº 30 – que dispõe sobre a utilização dos superávits –, permitindo a utilização automática dos resultados para abater o equacionamento.
Já internamente temos a aplicação da Instrução Normativa nº 33 da Previc [Superintendência Nacional de Previdência Complementar], na qual a Petros precisa avaliar as suas aplicações. Temos o exemplo da FUNCEF [Fundação dos Economiários Federais] que conseguiu reduzir o seu equacionamento utilizando esses dispositivos.
Desde o início do ano, trabalhadores da ativa, mas principalmente aposentados e pensionistas, têm sofrido com descontos abusivos da AMS. Você enxerga alguma ligação entre esses descontos e a proposta do PP3?
Totalmente. A Petrobrás utilizou da asfixia financeira aos aposentados e pensionistas para tentar forçá-los a aderirem ao PP3. Esse é um ponto em que a categoria petroleira mostrou o seu valor e deu um sonoro ‘não’ a esse plano.
A chapa “Juntos pela Petros” pretende propor ao Conselho Deliberativo as alterações estatutárias necessárias para garantir a eleição da metade dos membros da direção da Petros. Você poderia explicar melhor a proposta e qual a sua importância?
Essa não é uma simples proposta somente porque achamos importante. Essa é uma obrigação da Petros firmada em um acordo judicial. A Petros tem que cumprir os compromissos que assume perante a Justiça. A importância de eleger os dois diretores é colocar dentro da gestão da empresa pessoas que tenham a representatividade de todos os participantes e assistidos.
Se as patrocinadoras que colocam menos da metade dos recursos da Petros escolhem todos os gestores, por que os participantes – que são donos de mais da metade dos recursos – não podem?
Como a chapa “Juntos pela Petros” se diferencia da chapa composta por gestores da empresa?
Primeiro vale a pena denunciar esse ataque que a gestão da empresa vem tentando fazer para minar os espaços representativos dos trabalhadores e aparelhar com os seus gestores.
Enquanto os gestores têm contrato assinado firmando compromisso e lealdade aos interesses da empresa, a nossa chapa defende a lealdade e confiança aos participantes e assistidos, além da contínua disponibilidade e prestação de contas àqueles que nos elegeram.
Você tem uma atuação dentro do Sindipetro NF, além de ser o representante da FUP na Comissão da AMS. Qual a importância dessa trajetória e como a experiência adquirida pode ajudá-lo caso seja eleito?
A principal experiência adquirida nesse período foi a importância da escuta. A empatia de entender a situação de todos os perfis da nossa categoria, seja da ativa, aposentado ou pensionista.
A atuação do conselheiro eleito deve levar isso em consideração, pegar as demandas e esperanças dos trabalhadores e construir dentro do conselho as formas possíveis de garantir que o seu presente tenha menos atribulações e que o seu futuro esteja garantido com uma boa atuação da Petros gerindo o seu dinheiro.