Enquanto STF discute fatiamento da Petrobrás, ativos importantes já estão no balcão de negócios
Por Sindipetro-NF
Nesta quinta-feira (1º), o Supremo Tribunal Federal deve julgar o pedido de liminar do Congresso Nacional para impedir o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de criar subsidiárias da Petrobrás para vender ativos como refinarias sem autorização do Poder Legislativo.
Algumas unidades, porém, já estão à venda, como é o caso da Bacia de Campos, na costa norte do estado do Rio de Janeiro. No último dia 25, a companhia anunciou a disponibilidade dos campos de Albacora e Albacora Leste, localizados em águas profundas dessa região.
A empresa quer vender a totalidade de sua participação nesses campos altamente produtivos, que incluem as plataformas de P-25, P-31 e P-50.
Com a venda, cerca de 1500 trabalhadores diretos e indiretos serão impactados, com transferência de base ou perda de empregos.
O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tezeu Bezerra, denunciou nas redes sociais os impactos dessa venda para o país. “Acabaram de anunciar a venda de ativos super lucrativos, assim como as refinarias e a BR Distribuidora, que sempre deu lucro ao Estado Brasileiro. Vão vender campos gigantes que tem pré-sal na Bacia de Campos e já chegaram a representar o sonho de uma Petrobrás para o futuro de todos os brasileiros”, criticou.
Os campos
O campo de Albacora, que a Petrobras tem a totalidade da operação, produziu em agosto deste ano uma média de 38,7 mil barris de petróleo e 716 mil metros cúbicos de gás por dia. Ele foi descoberto em 1984 e foi o primeiro campo gigante em águas profundas do país.
Já em Albacora Leste, a Petrobras é operadora com 90% de participação, enquanto a Repsol Sinopec Brasil detêm os 10% restantes. O campo produziu, em agosto deste ano, uma média de 33,3 mil barris de óleo por dia e 707 mil metros cúbicos diários.
Quando foi anunciada a entrada em operação da plataforma de P-50, sua produção de 1,8 milhão de barris diários representava a autossuficiência em termos de petróleo para o Brasil.
Os empregos
Em julho de 2017 havia cerca de 300 trabalhadores próprios da Petrobrás na plataforma P-50, além de cerca de 1,2 mil trabalhadores terceirizados. E nas plataformas P-25 e P-31havia cerca de 500 trabalhadores próprios da Petrobrás, além de cerca de 2 mil trabalhadores terceirizados. Todo esse pessoal será impactado com as vendas dessas unidades.
“Questiono o que será da vida desses trabalhadores e de suas famílias se essa venda for efetivada. Chegamos em um momento em que não temos mais saída e precisamos lutar em defesa dos nossos empregos e de nosso futuro. É lutar ou lutar para salvar a Bacia de Campos, a gente tem de enfrentar esse pessoal que fatia a Petrobrás e destrói o estado brasileiro”, alertou Tezeu Bezerra.