O corte de gastos em manutenção e inspeção agravou a precarização e aumentou o número de acidentes na ETA da Replan. Em cinco meses foram registradas três ocorrências na unidade, sendo uma delas com vítima.
Em outubro de 2015, houve um vazamento de ácido sulfúrico que por um triz não atingiu um operador. Apesar da gravidade, a gerência tratou o caso com descaso e apenas “apertou o F11” para o alerta.
Quatro meses depois, no final de fevereiro, um trabalhador executava procedimento de liberação na ETA, quando foi atingido por um jato de ácido, devido a um vazamento no mesmo sistema, e sofreu queimaduras em várias partes do corpo. Poucos dias depois, no início de março, outro alerta foi emitido. Um painel de 13.800V (Volts) explodiu na subestação da ETA e, por sorte, ninguém ficou ferido.
“Acidentes na ETA passaram a ser rotineiros e essa situação está em consonância com a política de priorização que a empresa faz no GPI. A manutenção em unidades ‘produtivas’ tem preferência, enquanto a ETA, que gera água, fica para segundo plano”, afirmou o diretor do Sindicato Gilberto Soares, o Giba.
Segundo ele, a situação na ETA é de insegurança e não existe preocupação, por parte da empresa, com o bem-estar do trabalhador. “Vide a precarização das instalações, os acidentes que vêm acontecendo e o número mínimo de pessoal reduzido. É um corte de gasto burro praticado pela Petrobrás”, criticou o dirigente.
O diretor sindical Geraldo Cestarioli considera crítica a situação na ETA da Replan. “A gerência geral pode até não se importar com o produto da ETA, a água, mas nós nos importamos com a vida de todos aqueles que lá trabalham, sejam próprios ou terceirizados, e até mesmo com os gerentes que passam por lá, em auditorias, em busca de falhas individuais dos trabalhadores, quando, na verdade, deveriam procurar por falhas sistêmicas da empresa”, declarou.
Empresa gasta com serviço que já deveria ter sido encerrado
Enquanto a empresa corta verbas que deveriam ser usadas na manutenção da ETA, gasta o que não deve para manter um serviço terceirizado, que não é mais necessário e cujo contrato já deveria ter sido encerrado em novembro do ano passado. A empresa GE recebe por m³ para operar, com carga máxima, uma osmose portátil.
“Uma unidade inerentemente mais insegura. Basta lembrar do acidente com vazamento de 1 mil litros de ácido sulfúrico no final de 2014, quando a comissão de acidentes recomendou um estudo de viabilidade técnica e econômica para ampliação da ETA, com o objetivo de eliminar instalações provisórias”, destacou o diretor Gilberto Soares, Giba.
A osmose portátil foi contratada, segundo ele, para a manutenção em sistemas de tratamento de água e melhoria na qualidade da água captada. “As manutenções, entretanto, não foram feitas adequadamente e a qualidade da água do rio melhorou muito. Apesar disso, o contrato não foi encerrado. Ao contrário, provavelmente foi renovado, visto que o equipamento da GE continua operando. Ou seja, o dreno de dinheiro não foi fechado e faz falta na nossa manutenção”, lamentou.