Durante 2020, o site ultrapassou 100 mil visitantes com reportagens que foram republicadas por veículos nacionais e internacionais; houve crescimento no alcance e nas interações de todas as redes sociais
Por Guilherme Weimann
“No Brasil nada acontece antes do carnaval? Esse ano já começou diferente”. Essas foram as palavras escolhidas pela diretora do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Cibele Vieira, para sintetizar a greve de fevereiro, que foi o gatilho de um ano permeado por lutas – que resultaram em conquistas e derrotas – e muita resistência.
E foi justamente nesse período de mobilização, considerada uma das maiores da história da categoria, que a comunicação do Sindipetro-SP iniciou uma reformulação da equipe e, consequentemente, do modo organizativo e editorial.
A pandemia do novo coronavírus foi mais um fator que motivou a aceleração desse processo, que teve o objetivo de potencializar o diálogo não apenas com a base petroleira, mas também com um público externo. A partir disso, houve a preocupação em repensar linguagem, formatos e interlocutores – todos com base nos preceitos do jornalismo.
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A partir de 431 publicações, o site continuou sendo a principal ferramenta de divulgação dos conteúdos. No total, houve 107 mil visitas (67% homens e 33% mulheres) a 220 mil páginas. Os visitantes com idade entre 25 e 34 anos representaram 23,5% do público; entre 35 e 44 anos 18,5%; entre 55 e 64 anos 16,5%; com 65 anos ou mais 15%; entre 45 e 54 anos 13,5%; entre 18 e 24 anos 13%.
Os acessos ocorreram principalmente por meio de aparelhos celulares (77,6%), seguidos por computadores (21,8%) e tablets (0,6%). Já as principais portas de entrada foram as redes sociais (40%), sites de busca (33,8%) ou diretamente pela URL (24,9%). E tiveram origem, principalmente, na cidade de São Paulo (13%), sucedida pelo Rio de Janeiro (12%), Campinas (6%), Salvador (2,7%) e Brasília (2,4%).
Materiais
Essa diversidade de público foi resultado de materiais com diferentes formatos, enfoques, fontes e conteúdo. A geopolítica por trás do conteúdo local, que é a porcentagem mínima de utilização da indústria brasileira na fase de exploração e produção de petróleo, foi destaque em reportagem especial. Esse tema também foi abordado a partir da análise crítica da Operação Lava Jato e da influência da política norte-americana sobre o petróleo brasileiro.
O foco da atual direção da Petrobrás na privatização de ativos também foi destacado sob diferentes aspectos ao longo do ano. Reportagens mostraram que a petroleira colocou 382 ativos à venda nos seus primeiros meses de pandemia; cortou investimentos ambientais e na área da cultura; tem descartado materiais novos como sucatas; arrendou fábricas de fertilizantes por menos de 1% da expectativa de receitas; abriu um novo Plano de Demissão Voluntária; e tem realizado aumentos abusivos dos combustíveis.
Além disso, houve a denúncia de que diretores da BR Distribuidora aumentaram seus salários em 272% ao longo do primeiro ano após a privatização. Esse levantamento, realizado a partir de relatórios da própria empresa, foi responsável por atrair 11% de todos os leitores que visitaram o site no ano de 2020.
Nessa mesma linha, a comunicação do Sindipetro-SP revelou que após empréstimo bilionário, a direção da Petrobrás encaminhou aumentos aos seus executivos; aprovou pagamento de dividendos aos acionistas sem apresentar lucro; foi processada por manter 73 trabalhadores em cárcere privado; e admitiu veicular 2 milhões de anúncios em sites de fake news.
Por outro lado, a empresa cortou os salários dos petroleiros, implementou de forma unilateral o regime de teletrabalho; tem servido comida de baixa qualidade; aplicou punições ilegais aos grevistas; e tentou responsabilizar os próprios trabalhadores por serem contaminados pelo coronavírus no local de trabalho.
Ao longo do ano também foi realizada uma série de entrevistas. Na área econômica, foram ouvidos nomes como o do ex-presidente da Petrobrás (2005 – 2012) e professor aposentado de economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), José Sérgio Gabrielli; o economista e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jäger; o economista e coordenador do Ineep, Rodrigo Leão; o diretor do Instituto de Energia e Ambiência da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer; o professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Iderley Colombini; o diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Júnior; e a economista Juliane Furno.
Ainda foram ouvidas personalidades como o coordenador da Pastoral do Povo de Rua, Padre Júlio Lancelloti; o sociólogo Renato Canova; o cientista político Sérgio Amadeu; o músico Don Ernesto; o jornalista Juca Kfouri; o militante chileno Víctor Bahamonde; e o fundador da torcida organizada Gaviões da Fiel, o jornalista Chico Malfitani.
Na área cultural, foram listadas recomendações de filmes e livros com a temática trabalhista, indígena, sobre o fascismo e sobre a indústria do petróleo. Também foram indicados 15 museus abertos à visitação online gratuita durante a pandemia.
Todos esses materiais foram compartilhados por diversos sites, como o Brasil de Fato, Rede Brasil Atual, Brasil 247, O Cafezinho, Fundação Perseu Abramo, Viomundo, CUT, MAB, MST, AEPET, Instituto Lula, FUP, entre outros. Também contou com republicações em veículos internacionais em língua espanhola, como Resumen Latinoamericano, Zona Mixta e Lástima a nadie, Maestro.
Redes sociais
A página do Sindipetro-SP no Facebook obteve um crescimento de 13,2% no número de seguidores (11.431) e 13,6% nas curtidas (9.834), sendo divididas em 66% de homens e 34% de mulheres.
Parte desse crescimento foi puxado pela criação do SindiPapo, live que recebeu convidados como Dilma Rousseff, Leci Brandão, Guilherme Boulos, Marcio Pochmann, Douglas Belchior, José Dirceu, Marilene Teixeira, Celso Amorim, Eleonora Menicucci, Filipa Brunelli, Nasi, Guilherme Estrela e Monja Coen.
Esses bate-papos também foram retransmitidos na TV Petroleiros, no YouTube, que conta com 3.520 inscritos. Em julho, o canal lançou o curta-metragem “O Elo da Semente”, que aborda a parceria dos petroleiros com o MST para viabilizar a distribuição de produtos orgânicos cultivados nos assentamentos Elizabeth Teixeira e Milton Santos, situados na região de Campinas. Também foi realizada uma série de entrevistas, denominada Sindipetro Eleições, com petroleiros que se candidataram a algum cargo legislativo ou executivo nas eleições municipais.
No Instagram, houve crescimento de 301%, chegando a 1.752 seguidores. Já o Twitter registrou aumento de 220%, fechando o ano com 2.557 seguidores.
Impressos
Além da parte digital, foram também produzidas duas edições impressas do Jornal Petroleiros, uma em março e outra em maio, três edições do A Semana e duas edições do Daesp Informa. As publicações tiveram que ser diminuídas neste ano devido às medidas para evitar o contágio do novo coronavírus.