Certificação remota traz risco a petroleiros e às refinarias

Petroleiros não participarão de auditoria realizada à distância

Foto: Agência Petrobrás

 

As auditorias remotas para certificação dos SPIE (Serviços Próprios de Inspeção de Equipamentos) têm gerado críticas de sindicatos associados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) e da CNRQ (Confederação Nacional do Ramo Químico) que recomendaram às organizações não participarem do processo.

A orientação da federação se deve à insegurança que o processo, quando realizado à distância, traz, conforme apontou a Bancada dos Trabalhadores que integra a Comcer (Comissão de Certificação), comissão tripartite que regula a auditoria e da qual os petroleiros fazem parte.

A analise é feita pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustível), credenciado ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Durante a auditoria, representantes do sindicato e da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) são ouvidos para que possam falar sobre questões como acidentes de trabalho e os riscos inerentes ao funcionamento dos equipamentos.

O impasse ocorre porque não há acordo por parte do órgão certificador em postergar as consultas, apesar da pandemia de covid-19. E organizações como o Unificado (Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo) não aceitam o processo remoto, o mais cômodo para a Petrobrás, mas que representa riscos aos trabalhadores e ao funcionamento das plataformas.

Em documento enviado no mês passado ao IBP, a FUP e a CNRQ  alertam que informações responsáveis por balizar as análises de risco serão de inteira responsabiliza do instituto, já que os petroleiros não concordam com as avaliações que desconsideram “realidade testemunhada, vivida e acompanhada pelos trabalhadores e suas representações”.

Coordenador-geral do Unificado, Juliano Deptula, aponta os riscos de um procedimento como esse ser realizado à distância.

“O SPIE certificou a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) após uma série de ocorrências e depois aconteceu mais um acidente grave por falha de equipamento. Por isso somos contra essa análise remota e não referendamos essa certificação”, explicou.

Parada de manutenção

A avaliação à distância é um problema porque também impacta a parada de manutenção, que demanda a paralisação da planta e pode ser postergada conforme a recomendação da auditoria do SPIE sobre o tempo seguro de funcionamento dos equipamentos.

Uma análise remota, sem critérios rígidos e conferência detalhada, gera um laudo que pode colocar em risco a segurança operacional da unidade e dos trabalhadores.

Devido à pandemia de covid-19, houve adiamento de todos os prazos para as paradas previstas pela NR 13 (norma regulamentadora) por conta da necessidade de reunir milhares de trabalhadores para realizar a manutenção dos equipamentos.

Conforme aponta o diretor da regional Campinas do Unificado e integrante da comissão que negocia as normas regulamentadoras, Itamar Sanches, os parâmetros das auditorias, medidas que foram adotadas colocam em risco o funcionamento de muitas bases de produção e a credibilidade de todo o processo de certificação.

“Estão realizando inspeções virtuais de  plataforma que chegou da China para a produção do pré-sal por vídeo. Alertamos que isso tem um risco e poder ter um custo altíssimo”, diz.

Uma reunião da Comcer para buscar uma saída diante desse impasse será marcada para a próxima semana.

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