Na mesma semana do anúncio da sétima mudança na tabela da Recap, Petrobrás distribui filme promocional e pipoca de micro-ondas para “valorizar” trabalhadores do turno
Por Bronca do Peão*
Na mesma semana em que os trabalhadores de turno da Refinaria de Paulínia (Replan) descobriram que suas refeições serão em modo “avião”, congeladas para aquecer no micro-ondas – nessa toada, em breve será reduzida a barrinhas de cereais ou amendoins, a administração das quatro refinarias de São Paulo decidiu fazer uma campanha de valorização do trabalho em turno, presenteando-nos com pipoca, encarte de filme dos anos 90, a possibilidade de participar das gravações e, se der azar, o direito de sacanear a família, podendo levá-la para uma noite no turno.
Para quem é de fora da refinaria, a ideia pode até parecer bem intencionada, mas a sensação é de que a empresa está tentando escrachar a categoria, depois de uma proposta de acordo coletivo que desrespeita todos os setores – ativos, pensionistas e especialmente os aposentados, esses que sempre são os mais atacados pela “gata mãe”. A “PetrobraX”, atualmente, concentra suas forças em tentar tirar o nosso brio.
Os ataques são tantos que é difícil – mas necessário – relembrarmos. O mais recente, na Refinaria de Capuava (Recap), é a troca constante da tabela de turno – considerando desde o início dos debates, foram sete trocas. Pra se ter uma ideia, ninguém sabe qual será sua escala no Natal, no Ano Novo ou qualquer outro dia que seja importante na sua vida ou de sua família.
Paralelamente, a companhia iniciou uma campanha de “valorização” do trabalho em turno. Parece piada, mas infelizmente não é. Os mesmos que destroem com nossa capacidade de minimamente ter uma vida social decidiram “nos valorizar” com pipoca de micro-ondas.
A impressão dos trabalhadores é de que a atual gestão da Petrobrás nos empurra para uma greve, com sacanagens diárias, que chegaram ao absurdo de atraso de salários. Isso mesmo, atraso de salários na maior empresa de economia mista do Brasil. Essa horda bolsonarista, que tomou a nossa empresa de assalto, está tentando marcar na história sua incapacidade em gerir, sua crueldade e desprezo pelo próximo.
Os ventos da mudança estão soprando na América Latina e esperamos que todos os que abraçaram esse projeto, um por um, sejam escorraçados da companhia e paguem por suas ações desprezíveis. Não se trata de decisões ruins de gestão, mas de verdadeiro delírio autoritário que busca destruir nossas condições de trabalho.
No mais, a categoria se prepara para o embate, quando essa gestão menos esperar a resposta virá. Não esqueceremos os rostos dos carrascos que nos cutucam diariamente, não esqueceremos dos aniversários e festividades que perdemos por conta deles e lembraremos que eles declararam guerra a nós e não o contrário.
Em outubro vem a eleição e em 2023 esperamos que o expurgo chegue, que esses que nos atacaram tão covardemente possam responder por seus crimes. Não entendam isso como uma declaração de guerra, mas como uma resposta bem objetiva de que não esqueceremos e que amanhã há de ser um novo dia!