“Com os descontos da Petros, não estou nem conseguindo fazer mercado”

Com os descontos abusivos da Petros e da AMS, pensionista viu seu salário ser reduzido de R$ 5 mil para R$ 1 mil desde o início do ano

“Prestes a completar 80 anos, meu aniversário será em janeiro (se não morrer de enfarte até lá), estou tendo que sobreviver com menos de um salário mínimo”, afirma pensionista

Por Bronca do Peão*

Eu não gostaria de escrever esse relato. Ficaria muito mais contente em compartilhar algumas linhas relacionadas à memória do meu esposo, que por 30 anos doou suor e muito da sua vitalidade para construir a empresa que é orgulho de todos aqui de casa, a Petrobrás.

Entretanto, infelizmente, escrevo essas linhas não para compartilhar histórias felizes, mas para denunciar a política de estrangulamento em curso, na qual a Petros tem realizado descontos exorbitantes nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas.

A previdência complementar de aposentados e pensionistas da Petrobrás foi criada com o objetivo de garantir um complemento, como o próprio nome já diz, para a aposentadoria do INSS e, com isso, garantir uma velhice digna aos petroleiros ou aos pensionistas, como eu.

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Entretanto, desde o início desse ano a Petros e a AMS, plano de saúde suplementar dos petroleiros, têm realizado descontos sem nenhum aviso prévio e detalhamento sobre o que está sendo cobrado.

Eu recebia, normalmente, 3,5 mil reais do INSS e 1,5 mil reais da Petros. Desde o início do ano, com os descontos, estou recebendo no total somente mil reais. Prestes a completar 80 anos, meu aniversário será em janeiro (se não morrer de enfarte até lá), estou tendo que sobreviver com menos de um salário mínimo.

Esses descontos dialogam com esse governo, que não é meu, pois não me representa. Governo que tem realizado uma política de morte desde o seu início, mas principalmente com o início da pandemia de covid-19.

Leia também: Os desafios para a previdência complementar em tempos de uberização do trabalho

Os resultados desses descontos têm sido terríveis para mim e para a minha família. Com os alimentos super caros, mal estamos conseguindo fazer mercado, que dirá pagar o aluguel, que tem um valor mais alto do que a quantia que estou recebendo por mês.

Sei que não estou sozinha nesta situação. Sei, inclusive, que muitas outras pessoas estão sofrendo mais do que eu, inclusive passando fome. Por isso, deixo aqui meu relato, não para suscitar mais sofrimento, mas para gerar indignação.

Essa é uma categoria que eu aprendi a amar, assim como meu esposo. E, hoje, me considero mais uma petroleira. É justamente essa categoria que eu chamo à luta, porque, sem ela, a situação só tende a piorar. 

* Texto enviado por uma pensionista que preferiu não se identificar.

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