Em plena pandemia, empresa queria realizar procedimento que traria trabalhadores de outros estados
O Sindipetro-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo) pressionou e a Petrobrás resolveu adiar para setembro uma parada de manutenção inicialmente programada para o dia 1º de agosto na UTE (Usina Termelétrica) Luís Carlos Prestes, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
A medida é realizada para aumentar a vida útil das máquinas, mas, para isso, além da gerência convocar 50% do efetivo de manutenção de volta ao trabalho, ao menos 50 trabalhadores de outros estados teriam de se deslocar para participar das ações.
Todo o procedimento deveria durar, inicialmente, até 28 de outubro, porém, o prazo pode ser estendido.
A alteração da data de início do procedimento ocorreu após o sindicato registrar uma reclamação em ata da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da empresa e apontar a gravidade da medida.
Conforme apontou reportagem do Unificado, no dia 10 de julho, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho divulgaram nota que aponta a preocupação como o crescimento de casos de covid-19 em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
A cidade que até dia 1.º de junho havia registrado 147 casos de coronavírus, viu a situação se agravar. Entre o início do mês passado e o dia 10 de julho, foram 238 contaminações.
O cenário, porém, pode ser bem pior, já que os testes de RT-PCR, que detecta a presença do vírus, e que são enviados ao Laboratório de Campo Grande, tiveram o período de divulgação do resultado ampliado de 48 horas para 7 dias. Em 10 de julho, 242 exames ainda estavam sem resposta.
Ainda segundo os órgãos, não foi implementada a testagem periódica dos profissionais de saúde, há escassez de anestésicos para manter os doentes entubados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital municipal e a taxa de ocupação de leitos cresce semanalmente.
O cenário alarmante segue uma tendência da região Centro-Oeste, novo epicentro da pandemia. Em Mato Grosso do Sul, a média diária de mortes, que era inferior a um, cresceu para seis e registrou 167 mortes por conta do covid-19.
Segundo o técnico de operação da UTE e diretor de base do Unificado Alberico Santos Filho, a Petrobrás demonstra um receio com o aspecto legal que poderia afetar a companhia, mas mantém uma postura de intransigência na relação com o sindicato.
“Levamos o questionamento, mas a empresa não responde o sindicato. Como eu pedi que registrasse em ata, eles resolveram atuar com medo das consequências porque, com certeza que iria parar no Ministério Púbico do Trabalho”, apontou.