Por Norian Segatto
Foram vários meses de disputa, negociação, mobilização e ansiedade pelo desfecho da campanha reivindicatória. Desde o primeiro momento, representantes do Sistema Petrobrás deixaram clara a orientação da gestão: cortar direitos e benefícios, enxugar o Acordo Coletivo e diminuir o custo da mão de obra para deixar a empresa ainda mais palatável para futuros compradores. A estratégia é a mesma utilizada desde sempre quando um governo neoliberal (ou, neste caso, ultraliberal) quer passar para a iniciativa privada um bem público: deprecia, corta investimentos, diminui o passivo. E se o comprador fizer muxoxo ainda tem o BNDES para dar uma mãozinha.
Por ter essa clareza política, os dirigentes da FUP e dos sindicatos alertaram a categoria de que seria um embate difícil e que a defesa do ACT estava intimamente ligada à luta contra a privatização da maior companhia do país.
A primeira contraproposta da empresa à pauta de reivindicação foi um show de horrores, a categoria recusou e mostrou que estava disposta a não arredar pé de seus principais direitos. Vieram a segunda e a terceira contraproposta, todas ruins. Em um ato de chantagem contra os trabalhadores, a gestão acionou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) para mediar a negociação, em claro desrespeito à tradição negocial de prorrogar o ACT até se chegar a um consenso – ou à greve.
O Tribunal foi coerente, ouviu as partes e propôs avanços à contraproposta da empresa, mas que não contemplavam pontos considerados essenciais pelas representações sindicais, entre elas o custeio da AMS, horas extras e turno de 12 horas. Em assembleias os trabalhadores/as rejeitaram a proposta elaborada pelo TST, colocaram na mesa seis itens que precisavam ser resolvidos e definiram uma data indicativa de greve – as bases do Unificado foram as únicas da FUP a não aprovar a greve.

Diante da mobilização e da disposição mostrada pelos trabalhadores de continuar à exaustão a negociação, o TST acatou parte dos itens reivindicados, o que levou o movimento sindical a indicar a aceitação do acordo. “Tivemos perdas, ninguém esconde isso, mas mantivemos o essencial, barramos muitos cortes que a gestão queria promover em nossos direitos e conquistas e nos mantivemos unidos para lutar contra a entrega total da empresa”, avalia o coordenador do Unificado, Juliano Deptula.
Na segunda-feira, dia 4, os sindicatos assinaram o Acordo colocando fim a uma das mais intensas campanhas reivindicatórias dos últimos anos, mas a luta contra a privatização e pela manutenção dos empregos, dos direitos e conquistas continua.