Racismo institucionalizado: Negros não ocupam nem 4% da gerência da Petrobrás

Em 2020, negros ocuparam apenas 3,67% dos cargos gerenciais, mulheres negras representam apenas 0,37%; no total, a empresa possui 30,2% de trabalhadores negros

Posse do atual presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, junto aos demais diretores, todos brancos (Foto: Paulo Belote/Agência Petrobrás)

Por Andreza de Oliveira

Na semana em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil, a subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou novos dados que apontam uma baixa melhora no cenário racial da Petrobrás.

No ano de 2019, do total de gerentes da empresa, 3,27% eram negros. Com um aumento de 12% em relação ao ano anterior, em 2020 o número de trabalhadores negros na gerência da Petrobrás foi preenchido por, apenas, 3,67%.

Leia também: Dez livros para pensar sobre a desigualdade racial contra negros

Os dados apresentados pelo departamento apontam ainda que as mulheres negras são as que encontram maior dificuldade para ocupar os cargos mais altos. Em 2019, elas representavam 0,36% dos gerentes da companhia; em 2020, esse número passou para 0,37%.

A elaboração do Dieese mostra também que, em 2020, houve um aumento da participação dos trabalhadores negros na Petrobrás, saltando de 25,6%, em 2015, para 30,2%, em 2020. 

Entretanto, o dado é relativo porque, em 2015, a companhia possuía 20.098 funcionários negros, já em 2020 esse número foi reduzido a 14.799 – queda que teve influência, principalmente, dos planos de demissão voluntaria (PDVs) – ou seja, apesar de uma maior participação, houve um corte de 26% dos trabalhadores negros da Petrobrás.

Negros foram os mais afetados pela pandemia

Em boletim especial, o Dieese também apontou que, no quadro geral do mercado de trabalho brasileiro, aumentou a desigualdade entre negros e não negros com o avanço da pandemia de covid-19. 

Nos dois primeiros trimestres de 2020, 8,9 milhões de brasileiros perderam seus empregos em decorrência da pandemia, dos quais, 74% eram negros. “Para os não negros, os impactos foram menores: dos 2,5 milhões que perderam as ocupações entre o 1º e 2º trimestre de 2020, 59% voltaram a trabalhar em 2021”, informa o boletim. 

A taxa de desemprego para a população brasileira negra também ficou em 13,2% no 2º trimestre deste ano, enquanto para os não negros esteve em 9,8%.

*Com informações da FUP, Dieese e CUT

 

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