Desigualdade racial em cargos na Petrobrás aumentou entre 2008 e 2019, diz Dieese

Segundo análise, disparidade em cargos de gerência tem cenário pior do que a média no Brasil

Centro de Distribuição da Petrobrás no SIA, Terminal Terrestre de Brasília, onde se armazena e distribui produtos da companhia para os postos de combustíveis do Distrito Federal. Foto: Divulgação

Por Carta Capital

O Sistema Petrobrás reduziu o número de pessoas negras que ocupam cargos de gerência no período entre 2008 e 2019, segundo análise divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na sexta-feira 20.

Os percentuais se referem ao Grupo Petrobrás, que inclui tanto a empresa matriz quanto as companhias subordinadas. As informações foram extraídas de um relatório da própria estatal, divulgadas por meio de demonstração financeira, segundo o Dieese.

De acordo com a análise, em 2008, 29,9% dos cargos de chefia eram ocupados por negros, e em 2019 o percentual foi de 19,3%. O índice mais baixo foi identificado no ano de 2018, de 17,7%. Somente após 2018 foram registrados percentuais abaixo de 20%, se comparado a toda a série histórica, desde 2009.

Entre 2014 e 2016, houve uma oscilação de 5%. O Dieese supõe que a variação pode ter ocorrido por influência de dois planos de demissão voluntária, um lançado em 2014 e outro em 2016, ou por venda de empresas subsidiárias, entre outras hipóteses.

  • Em 2008 e 2009, 29,9% dos cargos de chefia no Sistema Petrobrás eram ocupados por pessoas negras;
  • Em 2010, o percentual foi de 25,3%;
  • Em 2011, 24,9%;
  • Em 2012, 25%;
  • Em 2013, 25,2%;
  • Em 2014, 20,3%;
  • Em 2015, 25,3%;
  • Em 2016, 20,8%;
  • Em 2017, 22,2%;
  • Em 2018, 17,7%;
  • Em 2019, 19,3%.

O estudo também analisa a situação da empresa matriz isoladamente, por meio do Relatório de Sustentabilidade de 2019, primeiro ano em que a companhia descreveu percentuais separados para homens negros e mulheres negras, diz o Dieese.

Dos 46.416 trabalhadores da Petrobrás, 9,42% (4.374) são homens brancos em cargos de gerência, e 1,95%  (907) são mulheres brancas em cargos de gerência. Enquanto isso, somente 0,54% (252) são homens pretos em cargos de gerência, e 0,07% (31) são mulheres pretas nesses postos.

Segundo Cloviomar Cararine Pereira, técnico do Dieese na subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e autor da análise, o objetivo foi mostrar que a tendência desigual no mercado de trabalho brasileiro entre brancos e negros se repete de forma pior no alto escalão da Petrobrás.

O estudo também analisa a situação da empresa matriz isoladamente, por meio do Relatório de Sustentabilidade de 2019, primeiro ano em que a companhia descreveu percentuais separados para homens negros e mulheres negras, diz o Dieese.

Leia também: Riscos ambientais aumentam com cortes de investimentos da Petrobrás

Dos 46.416 trabalhadores da Petrobrás, 9,42% (4.374) são homens brancos em cargos de gerência, e 1,95%  (907) são mulheres brancas em cargos de gerência. Enquanto isso, somente 0,54% (252) são homens pretos em cargos de gerência, e 0,07% (31) são mulheres pretas nesses postos.

Segundo Cloviomar Cararine Pereira, técnico do Dieese na subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e autor da análise, o objetivo foi mostrar que a tendência desigual no mercado de trabalho brasileiro entre brancos e negros se repete de forma pior no alto escalão da Petrobras.

Disparidade racial na Petrobrás é maior do que média brasileira, diz Dieese.

Para isso, ele faz uma comparação com dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto, na Petrobrás, somente 0,54% do quadro de funcionários total é de homens negros em cargos de gerência, o Brasil aponta percentual médio de 2,4%. No caso das mulheres negras, se na Petrobrás é de 0,07%, o país tem média de 1,9%.

“Se, no Brasil, os cargos de decisão são ocupados, em sua maioria, por homens brancos e mulheres brancas, no caso da Petrobrás isso também acontece, com uma diferença ainda maior”, comenta Cararine.

Saiba mais: Oito motivos para ser contra a privatização da Petrobrás

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